Título: Empresariado prefere Lula a Serra, avisa CNI
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2005, Nacional, p. A6

Segundo seu presidente, Alckmin é visto com simpatia e há temor de que o prefeito, se for eleito, adote política mais intervencionista na economia

O empresariado brasileiro é simpático ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e teme mais o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, resumiu ontem o deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ao explicar a visão dos industriais sobre os principais personagens da corrida presidencial de 2006. A aversão a Serra, manifestada por uma parcela substancial do empresariado, deve-se à desconfiança de que, uma vez na presidência, ele tenderia a adotar uma política mais intervencionista na economia que seus potenciais concorrentes, explicou Monteiro Neto.

"Largos setores da comunidade empresarial acreditam que Serra é mais intervencionista. O mercado tem mais medo dele do que do 'novo Lula' que emergirá na campanha eleitoral", afirmou ele durante almoço de confraternização em que a CNI revelou esperar um crescimento de 3,6% em 2006. "Eu vejo o Serra de outra forma. Ele age com racionalidade na economia. Não o vejo desafiando essa racionalidade", ponderou.

Segundo o presidente da CNI, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda conta com o apoio de uma parcela relevante do empresariado - aquela que obteve ganhos durante os seus três anos de gestão e que considera seu projeto de governo "equilibrado e de bom senso".

A expectativa positiva da CNI sobre 2006 somente será "turvada" se surgir um candidato com reais chances de vitória e um discurso mais radical na área econômica; mantendo-se a polarização entre o PT de Lula e o PSDB de Serra ou de Alckmin, o risco de turbulência seria menor porque as agendas macroeconômicas dos dois partidos são convergentes, disse.

Monteiro Neto afirmou que a dificuldade de Lula está na formação de uma coalizão que traduza para o eleitorado a sua disposição de realmente governar. "Lula está de olho no PMDB, e o PMDB está de olho nas pesquisas", previu.