Título: Lula promete acelerar obras e diz que 4 anos é pouco para governar
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2005, Nacional, p. A4

Presidente fala de eleições e avisa à oposição que não deixará ninguém colher semente plantada na sua gestão

Em ritmo de campanha e com bom humor de candidato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que um período de quatro anos é pouco para governar e "uma eternidade" quando se está na oposição. Ao visitar as obras de reforma do aeroporto de Macapá, Lula disse que a disputa eleitoral de 2006 não pode virar guerra. Mas já avisou que tentará antecipar as inaugurações de obras, evitando que os adversários, caso vençam as eleições, colham os frutos do seu governo. "Este aeroporto não pode ser inaugurado em 2007. Tem de ser inaugurado em 2006, pois precisamos colher aquilo que plantamos", ressaltou o presidente. "Não vamos deixar ninguém colher a semente que colocamos debaixo da terra."

Num discurso de improviso de 30 minutos, Lula pediu "juízo" aos eventuais concorrentes em 2006. Disse que os oposicionistas podem lançar "quantos candidatos quiserem", mas a eleição deve ser tranqüila.

"Se uma eleição não é para ajudar, ao menos não pode atrapalhar as obras em andamento nos Estados", salientou. "Se as pessoas tiverem juízo, vamos para uma disputa eleitoral, não vamos para uma guerra."

ECONOMIA

O presidente Lula ressaltou, mais uma vez, que manterá as bases da atual política econômica, com controle de gastos e sem liberações de verbas com interesse eleitoreiro. Lembrou ter pago antecipadamente uma parcela de US$ 15,5 bilhões da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), sem esquecer de frisar que o débito se refere a empréstimos feitos pelo governo anterior.

"Sem nenhum grito e nenhuma briga, não fizemos no ano passado acordo com o FMI", destacou o presidente no discurso. "Acabou o tempo de colonização, somos donos do nosso próprio nariz, temos dinheiro e produção."

Lula afirmou que o Brasil "finalmente encontrou o rumo", destacando que as reservas atuais do País totalizam US$ 60 bilhões. Mas tentou demonstrar que o governo continua vigilante no controle de gastos e da inflação.

"Vocês não têm noção do que é a loucura de receber 27 governadores e quase 6 mil prefeitos pedindo recursos", disse. "Mas, se o governo gastar demais, fica sem recursos", completou Lula. "Não podemos voltar a ficar na mesma ciranda de anos anteriores, parece que vai para frente, e não vai."