Título: Fed indica que fase de alta do juro está no fim
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deu indícios de que a temporada de aumento das taxas de juros pode estar perto do fim. Segundo a ata da reunião de 13 de dezembro, divulgada ontem, "os membros do Comitê de Mercado Aberto do Fed (Fomc) previram que a política monetária provavelmente teria de sofrer novo aperto no futuro", mas retiraram do comunicado uma expressão que era constante nos textos divulgados nas reuniões anteriores: a afirmação de que a posição da política monetária era "acomodatícia", ou seja, tendia mais para estimular o crescimento econômico do que para combater a inflação. Os participantes, porém, mostraram divergências sobre quanto aperto monetário ainda será necessário para levar os juros para uma posição neutra. "As visões diferiram sobre quanto mais de aperto poderia ser necessário." Eles concluíram que o número de novas altas "provavelmente não seria grande".

A ata informa que a perspectiva da política monetária "estava se tornando consideravelmente menos certa" e "dependerá em maior grau das implicações dos próximos indicadores econômicos".

Na reunião de dezembro, foi unânime a votação a favor da decisão de elevar a taxa em 0,25 ponto, para 4,35%, na 13ª alta em um ano e meio.

A próxima reunião do Fomc será em 31 de janeiro, a última a ser presidida por Alan Greenspan, quando, segundo o mercado, ainda haverá uma alta.

A ata diz ainda que o Fed "precisaria manter em mente os intervalos de tempo para que fossem percebidos os efeitos do aperto monetário na economia". Essa declaração não constava da ata da reunião anterior, em novembro, e pode indicar uma disposição do Fed de fazer uma pausa para avaliar o impacto dos apertos na economia.

O comunicado divulgado ao fim da reunião de dezembro manteve uma expressão que constava dos textos emitidos ao fim das reuniões anteriores, o de que seria necessário continuar a elevar as taxas "num ritmo comedido". Mas, diz a ata, "alguns membros pensavam que o termo 'comedido' já não era necessário".

Quanto à perspectiva da inflação, os integrantes do comitê disseram que suas preocupações "diminuíram bastante" desde a reunião anterior, com o efeito indireto da alta dos preços da energia sobre a inflação mostrando-se "contido" e uma alta só moderada nos custos da mão-de-obra. Mas o temor não sumiu, pois parte da alta dos preços da energia foi repassada.