Título: Consumidores terminam 2005 mais otimistas, revela pesquisa
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2006, Economia & Negócios, p. B3

O consumidor brasileiro chegou mais otimista ao final de 2005. O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC), divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que melhorou a expectativa em relação ao desempenho da economia brasileira em 2006. O INEC cresceu 2,9%, de 99 pontos no terceiro trimestre de 2005 para 101,9 pontos no quarto. Segundo a CNI, em um ano de incertezas provocadas pela crise política vivida, essa foi a primeira alta no ano, após três quedas seguidas nos trimestre anteriores. "Foi um avanço, já que 2005 foi um ano de frustrações nas expectativas em relação ao desempenho da economia", disse Marcelo Azevedo, economista da Unidade de Política Econômica da CNI. "O indicador rompeu uma tendência. Mas não é possível afirmar ainda que estamos diante de uma tendência nova e que esse bom resultado vai se repetir nos próximos trimestres."

A própria CNI admite, que, em geral, o INEC do quarto trimestre costuma apresentar avanço, em relação ao trimestre anterior, principalmente por causa das esperanças, usualmente mais positivas, em relação ao ano vindouro. Mesmo assim, na comparação com igual trimestre de 2004, o índice apresentou queda de 1,9%, fato atribuído pela CNI sobretudo à piora das expectativas de evolução do emprego.

O INEC é um indicador qualitativo, que procura avaliar o estado de ânimo da população em relação ao cenário econômico, explica Azevedo. O índice, que tem abrangência nacional, é construído a partir da proporção de respostas positivas ou negativas dos entrevistados em relação a determinados temas. mas não dá para se deduzir, a partir dele, por exemplo, se a economia efetivamente se recuperou ou não no trimestre.

Entre os indicadores pesquisados no âmbito do INEC, os referente às perspectivas da economia para 2006 foi o que registrou maior aumento, com 16,3% em relação ao trimestre anterior. Segundo a CNI, o porcentual se explica pelo fato de que, no terceiro trimestre, as expectativas eram especialmente negativas.

Para Azevedo, porém, o maior destaque foi a expectativa dos consumidores em relação à sua renda. O indicador referente à renda geral da população apresentou crescimento de 2,7% e o referente à renda pessoal dos entrevistados, 2%. Os dois indicadores haviam recuado por dois trimestres consecutivos. O economista explica que esse indicador é importante porque pode ser um sinal de tendência de aumento de consumo e, conseqüentemente, de produção.

No que se refere às expectativas quanto a compras, o indicador cresceu 2,1% ante o trimestre anterior e 1,1% na comparação com igual trimestre de 2004. A CNI observa que esse resultado era esperado, por causa das festas de fim de ano. E diz que, como o terceiro trimestre havia mostrado forte queda nesse indicador, a alta poderia ter sido maior.