Título: Álcool dispara e atinge R$ 1,549
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2006, Economia & Negócios, p. B4

O álcool hidratado fechou o último mês de 2005 custando R$ 1,549 por litro, em média, nos postos brasileiros. O valor é 8,7% superior à média do primeiro mês do ano e 27,4% maior do que a mínima no período, de R$ 1,215 por litro, em junho. Segundo a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço do combustível disparou nas últimas semanas e vem puxando o preço da gasolina, que leva álcool anidro antes de ser vendida nos postos. De acordo com a ANP, o preço da gasolina subiu 0,6% entre a primeira e a última semana de dezembro, atingindo R$ 2,464 por litro no final de 2005 - a média do mês foi de R$ 2,457 por litro. O valor é 8,3% superior à média de janeiro e reflete, principalmente, o reajuste de 10% promovido pela Petrobrás em setembro.

E os preços devem subir ainda mais esta semana. De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouvêa, os postos já começaram a receber das distribuidoras gasolina com valores entre R$ 0,03 e R$ 0,04 mais caros do que no fim de 2005. A explicação das empresas é que estão repassando o aumento do preço do álcool anidro.

A alta do preço do álcool é atribuída pelo mercado ao crescimento da demanda, provocado pelas grandes vendas de veículos bicombustíveis. Em dezembro, o valor de venda do produto pelas usinas ultrapassou R$ 1 pela primeira vez desde 2003, quando o governo convocou os usineiros para tentar forçar uma redução nos preços. Na ocasião, houve um acordo para que o valor de R$ 1 por litro fosse estabelecido como teto para o preço do combustível.

Segundo a pesquisa da ANP, apenas nas quatro semanas de dezembro, o álcool anidro subiu 7,2%. Na última semana, o litro estava cotado a R$ 1,604, valor maior do que a média mensal. O valor representa 65% do preço médio da gasolina no período, de R$ 2,464 o litro, razão próxima do limite em que o álcool começa a perder competitividade em relação ao combustível concorrente.

É consenso no mercado que, por render menos quilômetros por litro, o preço do álcool deve ficar entre 60% e 70% do preço da gasolina para garantir economia ao consumidor. Depois disso, é mais vantajoso usar o combustível derivado do petróleo.

DESTILARIAS

O preço médio do álcool hidratado teve aumento real de 20,5% nas usinas de destilarias em 2005 comparado com 2004, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq). O preço médio pago pelas distribuidoras aos produtores foi de R$ 0,73881 pelo litro do combustível no ano.

De acordo com a instituição, o reajuste real do álcool anidro foi de 18% e o preço médio no ano passado foi de R$ 0,84159 o litro nas unidades produtoras.

Para o presidente da corretora Bioagência, Tarcilo Ricardo Rodrigues, o aumento do álcool em 2005 é decorrência de "uma nova ordem mundial no mercado da energia e da agroenergia", com fortes altas nos preços do petróleo e, principalmente, no preço mundial do açúcar.

Já a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), aponta a quebra na produção de cana-de-açúcar e a conseqüente redução na oferta dos seus derivados como outros fatores que contribuíram para o aumento no preço do álcool.