Título: Subsidiárias da Varig recebem nova proposta
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2006, Economia & Negócios, p. B10

A companhia aérea Varig deve apresentar entre hoje e amanhã uma nova proposta para a negociação das subsidiárias de logística e transporte de cargas (VarigLog) e de manutenção (VEM), segundo o advogado da portuguesa TAP, José Roberto Opice. Segundo ele, a idéia é a TAP ficar com a VEM e o fundo americano Matlin Patterson comprar a VarigLog. Tanto a Varig quanto o Matlin Patterson foram procurados, mas não retornaram até o fechamento desta edição. "Não me parece uma proposta inviável, vai depender do que a Varig vier a propor", afirma Opice. A VarigLog e a VEM já foram negociadas com a TAP por US$ 62 milhões, em novembro. O dinheiro, na época, foi usado para quitar dívidas de valor similar com empresas de arrendamento de aviões (leasing).

Caso a Varig não quitasse esse débito, corria o risco de perder até 40 aviões de uma frota total de 78 - sendo que a empresa já tinha 15 aeronaves paradas por absoluta falta de recursos para pagar gastos com manutenção. "Só compramos a VarigLog para a Varig poder pagar as empresas de leasing", diz o advogado da TAP, enfatizando o interesse da TAP pela VEM.

Em dezembro, foi realizado leilão para melhorar a oferta pelas duas subsidiárias. Entraram no páreo o Matlin Patterson, que ofereceu US$ 77 milhões, e a Docas Investimentos, do empresário Nelson Tanure, que apresentou proposta de US$ 139 milhões. Conforme a Lei de Recuperação Judicial, a Varig tinha até o dia 29 para definir a proposta vencedora, mas adiou esse prazo.

O fundo Matlin Patterson já havia demonstrado interesse em comprar apenas a VarigLog em outubro, por US$ 38 milhões mais operações de antecipação de recebíveis, que elevavam a negociação para US$ 103 milhões. Esse negócio, porém, não vingou. Em dezembro, além dos US$ 77 milhões pelas duas subsidiárias, o fundo ofereceu US$ 55 milhões apenas pela VarigLog.

O advogado da TAP não soube estimar qual seria o valor só da VEM, preferindo esperar a nova proposta que será apresentada pela Varig.

Pelo contrato firmado, os portugueses tinham direito a uma multa de US$ 12,5 milhões, a título de rescisão de contrato, caso não quisessem cobrir ofertas de rivais e desistir das duas subsidiárias.

FUNDAÇÃO

A Fundação Ruben Berta (FRB), controladora da Varig, reúne seus representantes amanhã em assembléia para avaliar o plano de recuperação já aprovado pelos credores em 19 de dezembro. É o Colégio Deliberante, integrado por quase 150 funcionários, que representam a instância de maior poder de decisão na companhia.

Eles também avaliarão a negociação da VarigLog e da VEM e a transferência de controle da FRB para a Docas Investimentos, negociação já barrada pela Justiça, pelos credores e por cerca de 70% do colégio, por meio de manifesto.