Título: Paciência ou morte: são 14 vítimas todos os meses
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/12/2005, Economia & Negócios, p. B4

Carmino Bento da Silva conhece a BR-101 como poucos. Há 20 anos, foi atropelado por um carro quando voltava do trabalho. Ampliou as estatística de mutilados, vítimas de uma das rodovias federais mais perigosas do Brasil. Silva perdeu o braço esquerdo, o que lhe rendeu uma aposentadoria precoce, da qual tira o sustento da família até hoje. Nasceu em Imbituba e desde sempre ouve rumores sobre a duplicação da rodovia. ¿Essa conversa é antiga. Ouço isso desde criança. Vamos ver se finalmente terminam¿, comenta, ao ser interpelado às margens da rodovia que lhe deixou uma marca.

As estatísticas de mortes e feridos na rodovia mostram o porquê do atraso nas obras de duplicação da BR-101 é um problema para quem depende dela. A média mensal de acidentes no trecho sul de Santa Catarina é de 175 por mês. São cerca de cinco acidentes diários ao longo desse trecho.

São números do ano passado, apresentados pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (Dnit). Segundo dados do Departamento, órgão que faz a supervisão das obras na rodovia, o trecho registra cerca de 14 óbitos por mês. Quase uma morte a cada dois dias.

Avanir Aguiar de Sá, supervisor da Regional Sul do Dnit, reconhece o papel que a Rodovia BR-101 exerce no trânsito de pessoas e mercadorias entre o Sul e o Sudeste. ¿Sem dúvida, é a estrada federal de pista simples mais movimentada do País e necessita ser duplicada rapidamente¿, observa o supervisor.

Procurado para falar sobre o atraso nas obras na rodovia BR 101, o Ministério dos Transportes não se pronunciou.