Título: Rússia e Ucrânia reiniciam diálogo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2006, Internacional, p. A8

A estatal russa Gazprom retomou ontem as negociações com a Moldávia e a Ucrânia sobre tarifas de gás, dois dias depois de ter cortado o fornecimento do produto para esses países - medida que afetou também a União Européia e outras nações vizinhas. O gasoduto que abastece a Europa Ocidental atravessa o território ucraniano. Pressionada por seus parceiros europeus, a Rússia recuou na segunda-feira, depois de acusar a Ucrânia de roubar o gás destinado aos vizinhos. Ontem, as nações que dependem fortemente do suprimento, incluindo Áustria, Hungria e Eslováquia, confirmaram que o abastecimento voltou ao normal.

Divergências sobre o preço do gás motivaram a crise e provocaram redução de 18% a 40% no suprimento para o oeste europeu, o que levou a União Européia a marcar no domingo uma reunião de emergência sobre energia para hoje, em Bruxelas.

A Gazprom quer cobrar da Ucrânia US$ 230 por 1.000 m3 e US$ 160 da Moldávia. Atualmente esses países pagam US$ 50 e US$ 80, respectivamente, valores subsidiados porque eles integravam a União Soviética até 1991. Até recentemente, seus governos eram aliados de Moscou, mas agora tentam aproximar-se do Ocidente e afastar-se da influência russa. Na Europa Ocidental, o preço médio de mil metros cúbicos de gás é US$ 240.

Segundo a Gazprom, uma delegação moldava já se encontra em Moscou e representantes ucranianos eram esperados à noite para o reinício das conversações. Moldávia e Ucrânia concordam em pagar valores de mercado, mas exigem um período de transição para adaptar suas economias.