Título: Dilma admite stress cambial
Autor: Elder Ogliari
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/12/2005, Economia & Negócios, p. B8

Para a ministra, ainda assim, há um boom de exportações

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, admitiu ontem que alguns setores da economia brasileira estão passando por um "stress grande" por causa do câmbio, mas ressaltou que o comportamento das vendas externas não permite supor que há crise nas exportações do País. "Pelo contrário, há um boom", enfatizou. "Nunca a exportação apresentou números tão relevantes." Os comentários foram feitos logo depois de uma reunião com o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Tigre, e com líderes empresariais do Estado, em Porto Alegre.

Entre os setores estressados está o coureiro-calçadista, que perdeu competitividade no exterior por causa do dólar baixo e se viu forçado a fechar cerca de 30 fábricas e demitir 13,5 mil trabalhadores no Rio Grande do Sul neste ano.

A ministra reconheceu que não é possível resolver todos os problemas decorrentes da força competitiva de alguns produtos chineses no mercado internacional. Mas considerou obrigação do governo tomar todas as medidas capazes de mitigar problemas setoriais específicos.

Dilma destacou que, desde outubro, vigora a regulamentação que permite aos segmentos atingidos por concorrência desleal solicitar salvaguardas. Para o setor coureiro-calçadista, Dilma previu que será necessário dar um tratamento "profundo".

Indagada sobre uma possível reunião marcada com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar de mudanças na política econômica, a ministra disse que não existe essa agenda.

Ela ressaltou que está "cotidianamente" reunida com o colega da área econômica. "Eu e o ministro Palocci temos uma relação excelente", afirmou. "Nós tivemos divergências que são absolutamente normais."