Título: Uso de preservativo cresce entre mais jovens
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/12/2005, VIda&, p. A27

A 2.ª pesquisa do governo sobre vida sexual mostra que na faixa dos 16 aos 19 anos 65,8% se protegem assim da aids e das DSTs

Mais jovens e mais preparados. A segunda pesquisa do Ministério da Saúde sobre comportamento sexual dos jovens mostra que adolescentes entre 16 e 19 anos usam mais a camisinha do que os que têm entre 20 e 24. E o uso vem crescendo: em 1998, quando foi feita a primeira pesquisa, 47,8% dos adolescentes tinham usado preservativo na primeira relação. A deste ano mostra que 65,8% o fizeram. O estudo foi realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento com base em questionários feitos pelo Ibope entre junho e agosto. Englobou mais de 300 questões sobre sexualidade, feitas a 5.040 pessoas entre 15 e 65 anos. Ontem, o ministério apresentou apenas a parte relativa aos mais jovens, até 24 anos. Os resultados mostram uma mudança de comportamento constante. Quanto mais novos, mais os entrevistados mostraram familiaridade com dados sobre a aids e a necessidade de usar camisinha.

O uso da proteção não aparece só na primeira relação. Há uma utilização bastante regular. Mais da metade dos meninos entre 15 e 19 anos afirmou usar sempre o preservativo, ante 38% entre os de 20 a 24. As mulheres usam menos. Apesar de ter havido também um crescimento entre 1998 e 2005, só 32,6% das jovens até 19 anos disseram usar sempre. Até 24 anos, o índice cai para 23,4%.

Para o diretor do Programa Nacional de DST/Aids, Pedro Chequer, o aumento do uso de camisinha entre os jovens se reflete nos números da aids no País. Os novos casos entre adultos jovens vêm caindo: "A realidade nessa faixa se contrapõe às características da epidemia nas faixas etárias mais elevadas, nas quais a menor freqüência do uso do preservativo leva a uma maior ocorrência de casos de aids."

Os dados mais recentes, divulgados na semana passada, mostram que o número de novos casos da doença em homens de 13 a 29 anos caíram de 5.028 em 1998 para 3.671 em 2004. Entre mulheres, a redução foi menor. Na faixa etária de 13 a 24 anos, os novos casos caíram de 1.483 para 1.455.

Entre as razões para não ter usado o preservativo na primeira relação, meninos dão como principal o fato de não tê-la na "hora h". Entre as meninas, porque não se lembraram. Mas a coordenadora da pesquisa, Elza Berquó, chama a atenção para a segunda razão mais citada: quase um terço das meninas disse que não usou porque "confiava no parceiro". "As mulheres precisam ser menos ingênuas e desconfiar mais de seus parceiros", afirmou. O estudo indicou, ainda, queda no índice de jovens que já fizeram o teste de aids. "Imaginamos que, como o uso do preservativo esteja mais difundido, os jovens se sintam mais protegidos e sintam menos necessidade de fazer o teste", disse o ministro da Saúde, Saraiva Felipe.

Já o primeiro levantamento sobre ações de saúde nas escolas, feito pelo Ministério da Educação, mostrou que 9% das unidades de ensino fundamental e 17% das de ensino médio estão distribuindo camisinhas para os alunos dentro de programas de prevenção. Os dados são do Censo Escolar deste ano. A meta é chegar a 25% das escolas de ensino fundamental e 50% das de ensino médio em 2006.