Título: Conselho fará boca-de-urna
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2006, Nacional, p. A6

Na tentativa de barrar um suposto acordão para livrar os 11 deputados que respondem a processos de cassação, o Conselho de Ética da Câmara decidiu fazer "boca-de-urna" para pedir que os deputados aprovem em plenário os pareceres dos relatores. O objetivo é não repetir o episódio Romeu Queiroz (PTB-MG), condenado no Conselho por receber dinheiro de caixa 2 do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, mas absolvido pelos colegas. O presidente do colegiado, Ricardo Izar (PTB-SP), disse ontem que os pareceres serão apresentados detalhadamente aos partidos. "Será um trabalho eleitoral. Vou levar o relator comigo e mostrar para cada bancada por que o Conselho decidiu pela cassação ou absolvição." Depois, emendou: "É a imagem do Legislativo em jogo."

O deputado elogiou o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), por denunciar a tentativa de acordão. "Ele fez bem em alertar." E fez questão de explicar por que autorizou recesso no Conselho até o dia 9: "Houve um erro básico na convocação extraordinária. Ela tinha de ser plena e podia ser a partir de 3 de janeiro."

AMEAÇA

Serraglio reforçou ontem, em entrevista à Rádio Eldorado, a denúncia de acordão. "Os partidos envolvidos no episódio do mensalão possuem expressão forte de votos. Se eles se orquestrarem, tornarão insuficiente todo o esforço que nós procedemos", afirmou. Serraglio denunciou o suposto acordo após a entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao programa Fantástico, na qual Lula disse que não há provas do mensalão.