Título: Partido não tem sucessor com carisma de seu líder
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2006, Internacional, p. A10

A última pesquisa de opinião em Israel, divulgada ontem pelo site do jornal Haaretz antes da internação do primeiro-ministro Ariel Sharon, indica uma ampla vantagem para o recém-criado partido governista, o Kadima, nas eleições parlamentares de 28 de março. Emergindo com força da votação, Sharon não teria dificuldade para formar uma nova coalizão e assumir seu terceiro mandato como primeiro-ministro.

Se a gravidade do derrame afastar o primeiro-ministro da vida política, o Kadima não teria um sucessor à altura dele, já que sua formação é resultado do carisma de Sharon. Ele ganhou popularidade ao enfrentar a segunda intifada (levante palestino) e conseguiu impor seu plano de retirada da Faixa de Gaza, apesar da ferrenha oposição no Likud e da resistência de parte da população.

A criação do Kadima foi tratada na imprensa local como uma ¿revolução¿, já que mudou totalmente o quadro eleitoral, enfraquecendo os dois partidos que até então eram os esteios da vida política do país, o Likud e o Trabalhista. O Kadima é um misto de políticos egressos desses dois partidos. Possíveis sucessores de Sharon no Kadima seriam a ministra da Justiça, Tzipi Livni, o vice-presidente Ehud Olmert, e o ministro da Defesa, Shaul Mofaz.

O primeiro derrame de Sharon não abalou a ascensão do partido. Pelo contrário, o Kadima subiu de 39 para 42 pontos enquanto seu principal rival, o Trabalhista, de Amir Peretz, perdeu 2, passando de 21 para 19. Em terceiro aparece o Likud, que Sharon abandonou para formar o Kadima e agora é liderado por Binyamin Bibi Netanyahu.