Título: Para governo, risco país deveria cair mais
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2006, Economia & Negócios, p. B4

O secretário-adjunto do Tesouro Nacional, José Antonio Gragnani, afirmou que o risco país precisa cair várias dezenas de pontos para fazer jus aos avanços da economia brasileira. Apesar da queda histórica para abaixo de 300 pontos, ele disse que o risco ainda é elevado. "É histórico, mas alto para os fundamentos macroeconômicos do Brasil." Na sua avaliação, ainda há espaço para uma queda maior. "A expectativa é que no decorrer do ano o risco recue para níveis compatíveis com a solidez da economia."

O risco voltou a cair ontem e alimentou rumores de que o Tesouro pode aproveitar essa janela de oportunidade para fazer a primeira captação de recursos externos em 2006, com a emissão de bônus da República. Quanto menor o risco, mais barato sai para o governo e para as empresas emitirem papéis no exterior.

O secretário evitou dar uma indicação sobre quando o Tesouro voltará a fazer uma emissão. Mas, segundo ele, o mercado internacional continuará favorável a emissões de países emergentes, entre eles o Brasil, e o Tesouro vai continuar aproveitando esse cenário.

"Dentro do possível vamos aproveitar as oportunidades de mercado sempre com muita cautela e olhando a performance dos títulos já colocados", disse Gragnani. "A liquidez ainda é muito grande. E o Brasil, pelos resultados que vem obtendo, tornou-se um país mais interessante para investimentos."

Dos US$ 9 bilhões de emissões de títulos no mercado externo previstas para 2006 e 2007, o Tesouro já antecipou a captação de US$ 3,5 bilhões no ano passado. Segundo Gragnani, a análise de uma nova emissão externa em reais está sendo considerada. Mas o Tesouro também avalia a possibilidade de emitir títulos corrigidos pela variação de outras moedas, como dólar e euro. Em 2005, pela primeira vez, o governo lançou cerca de US$ 1,5 bilhão em bônus no exterior com correção atrelada ao real e prazo de dez anos.