Título: Boeing financiará manutenção de seis turbinas para a Varig
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2006, Economia & Negócios, p. B10

Um dos principais credores da Varig, a Boeing Capital Corporation irá financiar a manutenção de seis turbinas da companhia brasileira, num valor estimado pelo mercado entre US$ 20 milhões e US$ 25 milhões. Com o financiamento, a Varig colocará em operação, até o fim de março, dois aviões MD-11, arrendados da própria Boeing e que estão parados por falta de recursos para manutenção. "É muito importante termos os nossos esforços reconhecidos por uma companhia de peso internacional, como é a Boeing. Entendemos que isso é acreditar no futuro da Varig", comemorou ontem o presidente da Varig, Marcelo Bottini. Com a ajuda desta e de outras operações financeiras lastreadas em recebíveis, a Varig deve encerrar o mês de janeiro com 64 aviões em operação, um a mais do que a meta para o final do primeiro semestre estabelecida no plano de recuperação judicial, aprovado em assembléia de credores no dia 19 de dezembro.

Até o fim de abril, a empresa pretende colocar em operação mais seis aeronaves (incluindo os dois MD-11), num total de 70 aviões. Trata-se de um aumento de oferta considerável - mais de 2 mil assentos -, considerando que, no início do mês passado, estavam em operação apenas 57 aviões de uma frota total de 76.

Com esse aumento de oferta, a empresa pretende recuperar parte da participação de mercado perdida no último ano, período em que o mercado como um todo cresceu quase 20%. Enquanto a Varig viu sua oferta encolher, as concorrentes TAM e Gol adotaram estratégias agressivas de expansão. " Precisamos aumentar a oferta rapidamente para atender ao tsunami de demanda que vem pela frente. Este ano teremos Copa do Mundo e eleições, eventos altamente positivos para o setor aéreo", disse o diretor de planejamento da Varig, Luiz André Patrão.

A Varig tem se esforçado arduamente para mostrar para credores sua capacidade de honrar o plano de recuperação. Neste domingo termina o prazo de seis meses de "blindagem" contra pedidos de falência, conforme prevê a Lei de Recuperação de Empresas. Os credores só poderão requerer falência se a empresa não cumprir com aquilo que foi prometido no plano - que prevê uma moratória de três anos para o pagamento de dívidas passadas. Entretanto, os credores estão livres para executar cobranças quando houver atraso no pagamento de obrigações correntes. Além disso, as empresas de arrendamento de aeronaves ficarão livres para retomar seus equipamentos na medida em que os contratos forem vencendo.

ASSEMBLÉIA

Representantes da Fundação Ruben Berta (FRB), controladora da Varig, devem conhecer hoje os novos acionistas das subsidiárias VarigLog e Varig Engenharia e Manutenção (VEM). As duas foram vendidas à TAP por US$ 62 milhões, em novembro, e estavam sendo disputadas pelo fundo de investimentos americano Matlin Patterson e pela Docas Investimentos, do empresário Nelson Tanure, após leilão realizado para elevar o preço de ambas.

Até ontem, a Varig tentava negociar as empresas separadamente: a VEM para a TAP e a VarigLog para o Matlin. Em assembléia na sede da FRB, no Rio, cerca de 150 funcionários que integram o Colégio Deliberante também vão avaliar o plano de recuperação da companhia e a transferência de controle da fundação para a Docas. A tendência é pela aprovação do plano e pela rejeição da proposta de Tanure.