Título: Palocci diz que País vai crescer 5% em 2006
Autor: Renata VeríssimoFabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/12/2005, Economia & Negócios, p. B1

Às vésperas de tirar férias, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, deu ontem uma entrevista coletiva e afirmou que todas as condições estão dadas para que a economia brasileira tenha um crescimento forte em 2006, num nível semelhante ao de 2004, quando o País se expandiu 4,9%. É uma estimativa bem mais otimista do que a do mercado financeiro, que espera um crescimento de 3,5% para o ano que vem. Palocci fez uma defesa veemente das políticas fiscal e monetária. Para ele, a manutenção de juros altos para controlar a inflação tem um custo, mas prepara o País para um crescimento de longo prazo. Ele disse discordar frontalmente dos críticos da política fiscal e reafirmou que, a despeito do debate sobre a valorização do real, o câmbio continuará flutuando.

O ministro disse que não há um clima de confronto dentro do governo envolvendo esses temas e afirmou que as divergências com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, sobre o tamanho da economia que o País deve fazer, não "trincaram" a sua relação com ela. Palocci defendeu a reeleição do presidente. "Fará bem para o Brasil um período mais prolongado do presidente Lula à frente do País", disse, acrescentando que não deixará o ministério para concorrer a um cargo eletivo em 2006.

Nesta e na página B3, os principais trechos da entrevista coletiva:

CRESCIMENTO EM 2006

Tenho segurança de que 2006 será um ano de forte crescimento. E nós teremos crescimentos seguidos por muitos anos à frente. Por que eu acredito num crescimento vigoroso em 2006? Porque as condições estão dadas: baixa inflação, condições de risco cada vez melhores, situação das contas externas como nunca tivemos, renda e vendas crescendo, disponibilidade de crédito e empresas se financiando com os próprios instrumentos. O cenário que está se abrindo para 2006, está muito próximo do aberto em 2003 para 2004. O importante é que a evolução do País deixou de ser de idas e vindas.

ECONOMIA EM 2005

Este ano nós tivemos avanços importantes no quadro econômico. Nós avançamos muito no trabalho de melhoria no perfil e no tamanho de nossas dívidas. Em particular, o quadro das contas externas nunca esteve tão bom. Nós eliminamos, por exemplo, os C-Bonds, que eram títulos de renegociação de dívida brasileira. Estamos pré-pagando o Fundo Monetário Internacional e também já acertamos com o Clube de Paris. E fizemos, pela primeira vez, o lançamento de títulos em reais no mercado internacional. Este conjunto de medidas, junto com a melhoria de perfil da dívida, tem feito o risco Brasil convergir para 300 pontos. Portanto, uma evolução que vai se consolidando em indicadores que o Brasil não atingia há muito tempo ou nunca atingiu.