Título: Juro real da dívida pública ficará abaixo de 9%
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/12/2005, Economia & Negócios, p. B4

As taxas de juros reais (descontada a inflação) dos títulos da dívida pública deverão cair abaixo dos 9% no ano que vem, disse ao Estado o secretário-adjunto do Tesouro Nacional José Antônio Gragnani. Essa taxa mais baixa deverá ser conseguida nos papéis de médio e longo prazos. "A continuar a solidez das políticas monetária e fiscal - e deve continuar -, nós poderemos vender no ano que vem títulos de médio e longo prazo com taxas de juros reais abaixo de 9% ao ano", disse.

Taxas reais na casa dos 9% já foram alcançadas em 2005, em papéis como a NTN-B, (indexada ao IPCA). O secretário acha, porém, que a tendência é que ela caia mais ao longo de 2006. Sua análise considera um cenário de continuidade na melhoria da qualidade dos fundamentos econômicos, como tendência de queda no juro básico e a manutenção de elevados saldos na balança comercial.

Ele admite que, mesmo em queda, os juros reais desses papéis ainda são elevados. "É alto, mas está convergindo para níveis mais baixo. Temos a expectativa de chegar em níveis melhores futuramente. O importante é que no ano que vem teremos taxas reais abaixo de 9% para nossas emissões de forma consistente e duradoura", concluiu.

FUTURO

Na segunda semana de janeiro, o Tesouro deverá divulgar o Plano Anual de Financiamento (PAF), que estabelece os objetivos da administração da dívida pública. O PAF fixa metas, por exemplo, sobre a parcela da dívida pública que será composta por títulos corrigidos pelos juros e que parcela será ocupada por papéis de correção prefixada.

Ele não antecipou quais seriam os parâmetros do PAF, mas estimou que os títulos prefixados devem fechar o ano que vem representando cerca de 35% do total da dívida mobiliária interna. "É um bom número. Será um avanço importante, já que neste ano esses títulos devem fechar entre 27% e 28% do total da dívida", disse Gragnani.