Título: BNDES já investiu R$ 2,9 bi na área de petróleo e gás
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2005, Economia & Negócios, p. B4

Valor é 140% maior do que o montante liberado no ano passado; Petrobrás vai investir US$ 56,4 bi até 2010

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai fechar o ano com desembolsos de R$ 2,9 bilhões para a área de petróleo e gás. O valor supera em 140% o montante liberado no ano passado para o setor. A carteira do banco (incluindo projetos desde a fase de perspectiva e análise até contratados) soma investimentos de R$ 28,7 bilhões, dos quais metade poderá ser financiada pelo banco de fomento. Segundo o gerente da área de infra-estrutura do banco, Ricardo Cunha da Costa, o setor energético é prioritário e os investimentos vêm crescendo. Apenas a Petrobrás tem investimentos de US$ 56,4 bilhões previstos para 2006 a 2010. "Há, portanto, uma oportunidade notável para o desenvolvimento do setor, mas também um grande desafio para torná-lo sustentável", afirma estudo elaborado pelo banco.

O trabalho mostra que um dos desafios é o fortalecimento da cadeia produtiva de fornecimento de equipamentos e serviços. Os dados dos desembolsos para o setor indicam crescimento nos últimos anos. Em 2004, os valores foram menores (R$ 1,22 bilhão), entre outros motivos porque não houve praticamente liberações para plataformas. Em 2005, os desembolsos para o setor representam 6% do total - o dobro do peso em 2004.

No início do mês, a Petrobrás obteve R$ 1,6 bilhão do banco para dois projetos de gasodutos, considerados relevantes para a expansão do mercado brasileiro de gás natural. Os recursos foram liberados para os gasodutos Sudeste-Nordeste (Gasene) e Coari-Manaus.

O estudo do banco conclui que a atual infra-estrutura de transporte e distribuição de gás natural "está muito aquém da necessária para atingir a capilaridade requerida ao atendimento dos diversos segmentos consumidores". Segundo Cunha da Costa, para desenvolver o mercado é preciso estender as malhas, o que cria economias de escala. Para isso, "são fundamentais os investimentos previstos".

O trabalho também cita a necessidade de modernizar as refinarias nacionais, que já têm "elevada vida útil", e porque foram projetadas para processar óleo leve, basicamente importado, e o País tem elevado a produção local, de petróleo pesado.

Os dados dos projetos em carteira mostram que R$ 12,4 bilhões referem-se a exploração e produção, inclusive plataformas e refino. Deste valor, R$ 6,868 bilhões referem-se a projetos contratados, aprovados ou em análise e os R$ 5,553 bilhões restantes, enquadrados ou em perspectiva. O trabalho mostra que os investimentos em plataformas incluem a P-51, P-52 e P-54, já contratadas. Outros R$ 7,722 bilhões dos projetos são no segmento de transporte a gás e R$ 4,894 bilhões para termelétricas a gás.