Título: Primeiro lugar em pesquisa surpreende até Quércia
Autor: Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2005, Nacional, p. A14

Para ex-governador, bom desempenho deve-se à rejeição contra PT e PSDB

O ex-governador Orestes Quércia (PMDB) disse ontem que ficou surpreso com a liderança apontada pela pesquisa Datafolha ao governo do Estado de São Paulo. Quércia, que visita Ribeirão Preto (SP) e região até amanhã, afirmou que seu desempenho deve-se à "sua força no Estado", que governou entre 1987 e 1991, mas também à rejeição contra PT e PSDB. "Tenho minha força, mas há a questão da rejeição que existe à política econômica, à falta de crescimento do Brasil", afirmou o ex-governador que disse ter mantido a coerência nas críticas à política econômica.

"Evidentemente eu me surpreendi, pois não existe ainda a candidatura. Mas existe a disposição de o MDB (sic) eleger o governador de São Paulo", completou. Se Quércia fala que o nome do candidato a governador pelo PMDB só vai ser escolhido entre março e abril de 2006, o deputado estadual e líder do PMDB na Assembléia, Luiz Felipe Baleia Rossi, que o acompanhou na viagem a Ribeirão, foi mais direto. "Ele me disse que pensava em sair candidato a deputado federal, mas com a pesquisa as coisas mudaram."

De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada ontem, Quércia lidera em todas os cenários ao governo paulista. No que tem mais vantagem, o peemedebista apresenta 33% de intenções de votos e Marta Suplicy (PT), 22%. Nesse caso, o adversário do PSDB seria o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza. No cenário mais equilibrado, Quércia, com 24%, aparece em empate técnico com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com 23%, e com o senador Aloizio Mercadante (PT), com 20%.

ENTRAVE

Se a situação do PMDB em São Paulo se tornou confortável após a pesquisa, o próprio ex-governador acredita que, em nível nacional, a rejeição à candidatura de Anthony Garotinho é o maior entrave do partido. "Um dos problemas que temos hoje no PMDB é que há uma reação muito grande contra a candidatura do Garotinho, de lideranças importantes no partido", disse, sobre o ex-governador do Rio, candidato declarado à sucessão de Lula. Quércia afirmou que não rejeita a candidatura de Garotinho e aceitará o nome que for indicado pelo PMDB. Sobre a possibilidade de o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, ser o nome de consenso do partido, disse: "Não acredito muito no Jobim".