Título: No 1º dia, nenhum trabalho e gasto de R$ 1,5 mi
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2005, Economia & Negócios, p. A10

Sem registro de presença, raríssimos parlamentares compareceram à estréia do período extraordinário

R$ 95 milhões é o custo aproximado com a convocação extraordinária do Congresso R$ 1,5 milhão é o que vai custar, aproximadamente, ao contribuinte, cada dia de trabalho dos parlamentares durante esse período No primeiro dia da convocação extraordinária que custará R$ 95 milhões aos cofres públicos, o Congresso estava vazio. Como ontem não houve registro de presença, é impossível saber exatamente quantos deputados e senadores compareceram ao trabalho, mas não houve nenhuma atividade nos plenários. Ao longo do período de convocação, cada dia parlamentar vai consumir R$ 1,5 milhão em verbas oficiais. Nas comissões, porém, o clima era de feriado. As únicas com algum sinal de atividade eram a CPI dos Correios e o Conselho de Ética da Câmara. Como é comum nas sextas-feiras, apenas poucos técnicos trabalharam na secretaria da CPI que iniciou as investigações do mensalão. O relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), manteve a rotina de passar no Congresso pela manhã. Apesar da solidão, Serraglio se disse confiante de que a CPI garanta o quórum mínimo de 17 deputados e senadores, para realizar sessões e aprovar requerimentos.

"Acho que eles (integrantes da CPI) têm consciência do momento que estamos passando. Uma convocação do Congresso significa que o serviço precisa ser realizado. E a sociedade está cobrando", afirmou o relator. Para Serraglio, a convocação extraordinária deveria começar na segunda-feira e não ontem, sexta-feira, dia de pouco movimento no Legislativo.

Outro integrante da CPI dos Correios presente no Congresso ontem, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) também discordou do início da convocação em uma sexta-feira e, mais ainda, da convocação geral da Câmara e do Senado. "Bastaria a convocação para a CPI e o Conselho de Ética. Temos de encontrar formas de reduzir o tamanho do recesso e estabelecer as convocações extraordinárias que são necessárias, sem ônus para a instituição", disse.

A CPI dos Correios terá sessão até quarta-feira, quando será apresentado o relatório parcial de Osmar Serraglio. No dia 9 de janeiro serão retomados os depoimentos e as reuniões administrativas. Só a sub-relatoria de fundos de pensão tem mais de 60 convocados para serem ouvidos, a começar pelos representantes da Prece, fundo de pensão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), do Rio de Janeiro.

Serraglio quer apresentar o relatório final da CPI em fevereiro, mas as investigações dos fundos continuarão até abril, quando será elaborado um adendo ao documento conclusivo. O prazo final da CPI dos Correios é 11 de abril de 2006. A CPI dos Bingos já suspendeu os trabalhos dos parlamentares e volta no dia 9 de janeiro. Até lá, somente os técnicos trabalharão na investigação.

Apesar do período de convocação extraordinária ter começado ontem, o início da votação no plenário da Câmara ou do Senado está marcado para 16 de janeiro. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), advertiu os deputados que a falta a um terço das sessões ordinárias do plenário acarretará sanções administrativas, como desconto das ausências.