Título: Chávez: 'Direita está implacável. Mas vamos ao contra-ataque'
Autor: Ana Paula Scinocca, Ângela Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2005, Nacional, p. A4

Presidente da Venezuela discursa 53 minutos e prega a reeleição do "amigo e irmão" Lula

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fez ontem um discurso de apoio ao "amigo e irmão" Luiz Inácio Lula da Silva - elogio retribuído, nas mesmas palavras, por Lula. Durante os 53 minutos em que falou na inauguração da pedra fundamental da Refinaria Abreu e Lima, Chávez recomendou ao colega brasileiro que tenha "força e coragem" para enfrentar os ataques da direita que, para o venezuelano, tem agido de maneira "implacável". Mas o presidente da Venezuela gastou mesmo a maior parte de sua fala para defender a reeleição de Lula. "Sim, Lula, você será presidente (novamente). A direita está implacável, mas, força Lula, coragem. Vamos ao contra-ataque", sugeriu. Chávez disse que seria eleitor de Lula se votasse no Brasil. "Da mesma forma que você seria meu eleitor, se fosse venezuelano."

Após citar personagens que lutaram pela independência de países da América do Sul, como Simon Bolívar e José Inácio Abreu e Lima, que dá nome à refinaria visitada ontem em Ipojuca, Chávez afirmou que Lula poderia seguir presidente do Brasil até 2011, ano em que a refinaria deverá ser colocada em funcionamento.

"Lula, você vai estar na Presidência em 2011? Vamos à luta, vamos brigar pelos nossos ideais de justiça social, de melhorar a vida dos mais pobres, de ver o nosso continente se desenvolvendo cada vez mais", pregou o venezuelano, que fez vários elogios ao colega. Disse até que Lula "traz nos genes carga de 500 anos de batalha e resistência ao imperialismo".

Como de praxe, Chávez criticou o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. "Os Estados Unidos estão financiando as oposições do meu país, estão espelhando mentiras e difamações contra mim. Não adianta nada esta campanha imperialista. Vou ganhar novamente as eleições, desta vez com mais de 20 milhões de votos", disse.

Nem mesmo o calor forte de 35°fez com que o presidente da Venezuela encurtasse o discurso. "Quando começo a falar, perco a noção do tempo", admitiu, após ouvir reclamações da platéia de que era hora de terminar. Discretamente, enquanto Chávez falava, Lula acenou com as mãos, pedindo calma aos manifestantes impacientes. Lula também tentou conter as vaias da platéia durante o discurso do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcellos.