Título: Icone vê retrocesso no acordo fechado em Hong Kong
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2005, Economia & Negócios, p. B9

Para o presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), Marcos Jank, a reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Hong Kong, concluída domingo, representou mais retrocessos que avanços e estes foram apenas "simbólicos". "Não melhoramos o acesso a mercados industrializados e piorou o acesso aos países em desenvolvimento, que respondem por mais da metade das exportações do agronegócio brasileiro." A eliminação dos subsídios à exportação em 2013 representou um ganho simbólico, acredita Jank, uma vez que a União Européia, que responde por 90% dos subsídios à exportação agrícola, já está comprometida a eliminá-los naquele ano.

Além disso, esse "avanço simbólico" ocorre em uma área cada vez menos relevante em termos de distorção do comércio internacional. Os subsídios às exportações do países ricos somam apenas US$ 3 bilhões, ante US$ 106 bilhões gastos em subsídios internos.

Para o Itamaraty, os resultados de Hong Kong não podem ser desprezados, na avaliação do chefe da Divisão de Agricultura do Ministério das Relações Exteriores, Flávio Damico. "Foi um momento em que se conseguiram avanços que, apesar de pequenos, não são insignificantes." Ele admite que o texto final não foi tão longe quanto o Brasil gostaria.