Título: Consumidor começa a rever vantagens
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

Nos postos de gasolina, a pergunta dos frentistas ficou difícil: "álcool ou gasolina?" Os donos de carros flex, que antes optavam pelo álcool, por ser mais barato, agora fazem contas antes de abastecer. "Para mim, ainda compensa o álcool, mas é por muito pouco", diz o taxista Cláudio Bellini. "Quando comprei meu carro bicombustível, o álcool custava R$ 0,85 o litro. Agora, quase dobrou e eu fico fazendo contas para saber o que colocar no tanque." O fornecedor de acessórios de papelaria Luiz Caldeira diz que é tudo "uma questão de bolso." Segundo ele, o Palio Weekend que comprou há um ano anda bem com álcool. "Ainda vale a pena, só que eu paro muito mais vezes no posto do que se abastecesse com gasolina", contou, enquanto enchia o tanque de álcool.

O gerente do posto onde estava Caldeira, Pedro Batista Filho, também possui um bicombustível. "Acho que hoje o consumidor não pode mais pensar nesse tipo de carro pensando na vantagem de preço do álcool", opina. "A maior vantagem hoje é não estar preso a um combustível só e ter opção de escolher o mais barato do dia, ou o mais adequado para andar na cidade, na estrada, etc. " Na maioria das vezes, Batista abastece seu carro com gasolina.

Mas há quem pense que ter essa opção é pouco pelo investimento feito. A comerciante Márcia Severo nem esperou a reportagem do Estado terminar a pergunta. "Não valeu a pena investir num carro bicombustível", falou logo, sobre sua Zafira. "Foi mais caro que um carro normal, não acho que anda bem como um carro de um combustível só e agora acabou a vantagem do preço do álcool." Ela diz que pretende trocar de carro se o preço do álcool aumentar novamente e alguns parentes farão o mesmo.

O representante comercial William Almeida também se diz insatisfeito. Após encher o tanque de gasolina, disse que está pensando em trocar de carro. "Em alguns postos já não acho mais álcool e, quando acho, o preço não é bom."

Antes do Palio que dirige hoje, Almeida tinha um carro a gás. "Comprei o bicombustível há um ano, por ser mais versátil e porque o álcool traria uma boa economia. Mas acho que está na hora de pensar seriamente em voltar para o gás."