Título: Taxa de desemprego não sai de 9,6%
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2005, Economia & Negócios, p. B6

Historicamente, em novembro há melhora por causa dos contratos temporários, mas as lojas demitiram 15 mil

20,13 milhões de ocupados nas 6 principais

regiões metropolitanas (Porto Alebre, São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador e Recife).

2,13 milhões

de desocupados nessas regiões.

R$ 974,50

foi o rendimento médio real.

0,4%

foi a alta do rendimento médio real em relação a outubro.

3,1%

foi o avanço do rendimento médio

em relação a novembro do ano passado.

6 meses

é o período que a taxa de

desemprego registra estagnação.

O mercado de trabalho nas seis principais regiões metropolitanas do País permaneceu estagnado em novembro. A taxa de desemprego apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) continuou em 9,6%, mesmo nível desde setembro. Já o rendimento médio real cresceu 0,4% ante outubro e 3,1% ante novembro de 2004, mas ainda não chegou aos níveis apurados em 2002.

Os últimos dois meses do ano historicamente são de queda na taxa, por causa das contratações temporárias do varejo. Em novembro, ao contrário, o comércio reduziu o número de ocupados em 0,4%, dispensando 15 mil empregados. Cimar Azeredo, gerente da pesquisa, disse que a taxa de desemprego está engessada como resultado dos juros altos, crise política e carga tributária elevada. "Tudo isso faz com que o investidor fique preocupado e acabe não abrindo novos postos de trabalho."

Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) acredita que o mercado de trabalho respondeu muito rapidamente à queda do nível de atividade e das expectativas no segundo semestre. "Parece que o mercado de trabalho está apático, em compasso de espera."

Apesar da estagnação, Azeredo destaca que para o mês de novembro esse foi o melhor indicador de emprego no governo Lula, já que a taxa havia sido maior em 2003 (12,2%) e em 2004 (10,6%). Segundo ele, é inédito o registro de um período de seis meses consecutivos com a taxa estável (entre 9,4% e 9,6% desde junho), mas pelo menos o nível é o mais baixo da nova série da pesquisa de emprego. A taxa de desemprego de dezembro sempre foi a menor do ano e é o que se espera que ocorra este mês, disse Azevedo.

A a taxa resiste no mesmo nível porque não há alteração significativa no número de ocupados. Em novembro, havia 2,3 milhões de pessoas ocupadas nas seis regiões, com aumento de só 0,3% ante o mês anterior, variação que o IBGE considera estabilidade. "A taxa está engessada porque não são abertos postos de trabalho, não há movimentação no número de ocupados, não houve nem contratação de temporários no comércio", disse Azeredo.

Ele destacou como dado positivo em novembro que o emprego formal prossegue na trajetória de alta, apesar da estagnação na taxa de desemprego. O número de trabalhadores com carteira assinada cresceu 0,8% em novembro ante outubro e 3,6% ante novembro de 2004.

Azevedo ressaltou também o aumento no rendimento médio real e explicou que o aumento na comparação com outubro é resultado da queda na inflação e da não contratação, como era esperado, de trabalhadores temporários, que puxam para baixo a média dos salários. Apesar do aumento, o salário, que chegou em média a R$ 974,50 em novembro, permanece inferior a igual mês de 2002 (R$ 1.069,86).

Um dado curioso é que s salários dos homens permanecem bem acima dos recebidos pelas mulheres. Segundo a pesquisa, o salário médio dos homens no mês totalizava R$ 1.115,50, o das mulheres era de R$ 792,50.

A situação se repetia em todas as regiões. Azeredo disse que provavelmente o resultado está relacionado à quase totalidade de mulheres no emprego doméstico, que paga menores salários, mas a análise desses dados ainda será aprofudada.