Título: Análise do leilão de energia é contundente: estatais mandam
Autor: Sonia Racy
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2005, Economia & Negócios, p. B2

O governo Lula considera que o primeiro leilão de energia elétrica proveniente de novos empreendimentos, realizado semana passada, foi um sucesso. No entanto, segundo uma análise minuciosa feita por Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, não foi bem assim. A predominância das estatais demonstra claramente que o interesse dos agentes privados foi tímido. Segundo Pires, os resultados do leilão consolidam "um modelo voltado para promover a hegemonia dos investimentos estatais na geração de energia no País". No seu ver, o governo quer retornar ao modelo de lideranças das estatais adotado nas décadas de 70 e 80 e o risco é "novamente esbarramos nos limites do financiamento público e na baixa eficiência das decisões de investimento, criando um obstáculo ao crescimento econômico".

Vamos lá:

Em termos numéricos, os agentes privados foram majoritários nos contratos de energia hidráulica, o que pode, à primeira vista, dar a entender que eles dominaram o leilão. Afinal, dentre os 22 empreendimentos hidrelétricos que concluíram negociações, 13 são de empresas privadas, 7 são de estatais estaduais e federais e 1 pertence a um consórcio entre duas empresas estatais e uma privada. Agora, quando se considera o montante de energia hidráulica negociado, a situação se inverte: do total da energia hidráulica comercializada, 56% foram vendidos por estatais.

Já nos 22 projetos hidrelétricos, apenas 7 são novos, 4 são empreendimentos chamados "botox"(projetos antigos aprovados, mas cuja energia ainda não foi comercializada) não iniciados e 11 já construídos. Números contados e chega-se à conclusão de que apenas 45% da energia hidráulica vendida provém de projetos realmente novos. Em relação aos 7 novos empreendimentos, 4 deles foram arrematados por empresas estatais durante a primeira fase do leilão. Em termos de volume negociado, só o grupo Eletrobrás participou com 62% do total.

No leilão de empreendimentos termoelétricos, novamente a supremacia das empresas privadas na venda de energia: 22 das 29 usinas termoelétricas. No entanto, como nos hidrelétricos, 75% do volume foi vendido por empresas estatais.

Não houve também grande quórum para novos projetos de geração térmica. Segundo Pires, desses 29 somente 6 são relativos a projetos novos. Dos demais, 3 são projetos "botox" não construídos, 4 são projetos "botox" construídos e 16 são térmicas emergenciais. Conclusão: só 18% da oferta foi nova.

A Petrobrás ganhou no quesito volume total de energia negociada: arrematou 43%. As privadas ficaram com 31%, a Eletrobrás com 20% e outras estatais com 6% restantes...

soracy@estado.com.br

O último ato da reunião da diretoria da Confederação Nacional das Indústrias este ano, na terça-feira, foi o de indicar Armando Monteiro Neto, de maneira unânime, para mais um mandato. O que foi feito por meio de um manifesto assinado pelos 27 representantes de federações de indústria brasileiras sendo que o dirigente de uma delas, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, da Firjan, o fez por meio de autorização escrita. Todos os outros estavam presentes ao encontro em Brasília.

As eleições vão se dar entre 15 de julho e 15 de outubro, conforme manda o regimento.

Crescimento sólido

José Roberto Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, fechou as suas projeções para 2006. E dá algumas dicas de como o grupo vê o ano que vem.

Apesar do real valorizado e do crescimento moderado do mercado interno, o faturamento líquido chegará a R$ 18,5 bilhões e um EBTDA de R$ 6,7 bilhões, 19% a mais em comparação a 2005. E, em termos de investimentos, sem considerar possíveis aquisições, estão previstos nada menos que R$ 4,5 bilhões.

América Latina

Corre pelo mercado que, com um investimento inicial de R$ 40 milhões, a Gol planeja montar uma empresa aérea de baixo custo no México.

Fará parceria com empresários locais.

Volatilidade

Recente relatório do Departamento de Energia dos EUA mata as esperanças de quem possa acredita em queda maior do preço do petróleo mesmo no longo prazo. Os americanos estão projetando o preço do barril acima dos US$ 50 por muitos anos. Para 2025, a estimativa é de US$ 54,00, e para 2030, US$ 57,00.

O curioso é que, no ano passado, o mesmo departamento acreditava que em 2005 o preço cairia para US$ 31,00.

Recorde

A Eletros acaba de fechar alguns de seus números de 2005 e descobriu que as vendas de televisores vão bater o recorde dos últimos dez anos. Foram vendidos 9,5 milhões de televisores. O número mais próximo é o de 1996, 8,5 milhões de unidades.

Em 2006, ano da Copa do Mundo, Paulo Saab espera mais: 10,4 milhões de TVs.

Expectativa

Aposta do mercado: a Ata do Copom, a ser divulgada hoje, indicará um corte maior do juros na primeira reunião de 2006.