Título: BB vai lançar bônus sem prazo de vencimento
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2006, Economia & Negócios, p. B5

O vice-presidente em exercício de Negócios Internacionais e Atacado do Banco do Brasil (BB), Sandro Marcondes, confirmou ontem que o banco fará ainda este ano a colocação de um título no mercado internacional sem prazo de vencimento. "A idéia é que o investidor detenha esse título até o fim de sua vida", disse o dirigente, referindo-se ao que o mercado chama de bônus perpétuo. O mercado especulava sobre essa possibilidade desde quarta-feira, quando surgiram notícias nesse sentido, vindas do Leste Asiático. A emissão será de cerca de US$ 300 milhões. O BB, segundo Marcondes, nunca fez uma operação semelhante. "Esse é um mercado que só começou a existir no ano passado para as empresas brasileiras", disse. O grande entrave dessa modalidade de captação no exterior era o custo. "Com juros altos, essa operação era inviável", comentou.

Para ele, a queda do risco país viabiliza a colocação de títulos no mercado externo com a característica de não ter prazo de vencimento. "Com o risco país em torno dos 290 pontos, fica mais atrativo fazer esse tipo de operação."

Os detalhes da operação não foram fechados e dependem das condições de mercado. A única definição, por enquanto, é que o BB iniciará segunda-feira uma série de apresentações a potenciais compradores dos títulos na Ásia, Europa e Estados Unidos. A apresentação poderá durar pouco mais de uma semana. "Depois disso, fecharemos a operação quando acharmos que o momento é mais favorável", disse Marcondes.

O título também poderá ter uma cláusula de recompra antecipada. "Essa cláusula, se vier a existir, terá de ser exercida pelo emissor, e não pelos compradores dos títulos", explicou. "Se a taxa de juros ficar mais baixa na frente, podemos exercer a cláusula e colocar novos títulos com juros menores."

A expectativa do mercado é que o BB venha a embutir uma cláusula de recompra de cinco anos. O volume da captação, pelos rumores de mercado, seria de US$ 300 milhões. Marcondes confirmou que a operação está sendo coordenada pelo Citibank e pela BB Securities, subsidiária do BB no mercado europeu.

Os potenciais compradores do papel são fundos de pensão e pessoas físicas do Leste Asiático. "Temos informações de que existem cerca de 200 milhões de novos milionários na China que podem está interessados em aplicar em ativos com rentabilidade mais alta que a oferecida na Europa e nos Estados Unidos", disse.

EXPORTAÇÕES

As operações de financiamento à exportação do Banco do Brasil deverão alcançar US$ 12 bilhões este ano, segundo Sandro Marcondes. "Com isso, manteremos a nossa participação em 27% do mercado de câmbio de exportação."

Segundo ele, o valor poderá ser superado se houver um crescimento do mercado de câmbio. "Nesta hipótese, nós temos condições de chegar aos US$ 15 bilhões em operações."