Título: Superávit da balança comercial do agronegócio é de US$ 38,4 bi
Autor: Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2006, Economia & Negócios, p. B14

A balança comercial do agronegócio apresentou superávit de US$ 38,4 bilhões em 2005, conforme dados divulgados ontem pelo Ministério da Agricultura. Segundo o governo, é um recorde histórico. O resultado é 12,6% superior ao superávit de US$ 34,1 bilhões registrado no ano anterior. A exportações do setor, também recorde histórico, somaram US$ 43,6 bilhões, representando expansão de 11,8% em relação às vendas externas de 2004. As importações totalizaram, em 2005, US$ 5,2 bilhões em comparação com os US$ 4,9 bilhões do ano anterior. O volume de exportação no ano passado representou 37% das exportações totais do Brasil. O crescimento foi alcançado a despeito de as exportações do principal item, o complexo soja, haver registrado uma queda de 5,7% ante 2004, totalizando US$ 9,47 bilhões. Essa queda se deveu essencialmente à deflação nos preços da soja e seus derivados, da ordem de 15%.

O menor valor exportado do complexo soja, entretanto, foi mais do que compensado pelo crescimento da receita de exportações de carnes, açúcar e álcool, e café. Estes produtos tiveram desempenho forte motivado pelo elevado nível de atividade econômica mundial, o que aumentou a demanda e o preço.

As exportações de carnes bovina, de frango e suína totalizaram US$ 8,06 bilhões em 2005, valor 31,2% superior ao verificado em 2004. O detalhe é que essa expansão ocorreu mesmo com o Brasil enfrentando os problemas com a febre aftosa. Os problemas sanitários que o setor de carnes viveu em âmbito mundial levaram ao aumento de preços do produto.

O preço da carne bovina in natura subiu 5%, enquanto o do frango in natura e da carne suína avançaram 17% e 22,6%, respectivamente. A quantidade exportada de carnes também subiu no ano passado: 15,5%.

O efeito da febre aftosa nas exportações, entretanto, ficou claro no quarto trimestre de 2005, quando a quantidade exportada de carne bovina in natura caiu 18% em relação ao mesmo período do ano passado, mais do que o crescimento de 14,2% verificado nos preços na mesma base de comparação.

O impacto só não foi maior no ano passado porque a Rússia, principal mercado do produto brasileiro, embargou apenas a carne do Mato Grosso do Sul num primeiro momento. Só no início de dezembro o embargo foi estendido a outros Estados.

Já as exportações de açúcar e álcool subiram 49,3% em 2005, totalizando US$ 4,68 bilhões. Foi o grupo que teve a melhor variação positiva no setor agrícola em termos de exportações. As vendas de açúcar cresceram 48,8%, chegando praticamente a US$ 4 bilhões, enquanto as de álcool avançaram 53%, somando US$ 765 milhões.

Outra variação importante foi verificada no setor de café, cujas exportações cresceram 41,1%, somando US$ 2,67 bilhões. Papel e celulose registrou aumento de 17%, para US$ 3,4 bilhões.