Título: Para banqueiros, Brasil teve `coragem¿ no ajuste fiscal
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/01/2006, Economia & Negócios, p. B3

BASILÉIA - O clima de satisfação entre os principais banqueiros do mundo com a condução da economia brasileira ficou patente ontem, durante o primeiro dia da reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês, o banco central dos bancos centrais). Após um encontro a portas fechadas entre representantes de bancos centrais de vários países e de grandes instituições financeiras privadas como o Citibank, HSBC e Deutsche Bank, o presidente mundial do ABN Amro, Rijkman Groenink, resumiu a avaliação do sentimento em relação ao Brasil. ¿O governo brasileiro agiu com muita coragem no gerenciamento fiscal e da economia¿, disse o executivo do banco holandês. ¿Ele está fazendo um bom trabalho e conquistando a confiança da comunidade internacional.¿ Groenink, no entanto, evitou comentar a expectativa dos banqueiros em relação à eleição presidencial deste ano, tema que vai gerar uma crescente atenção dos investidores nos próximos meses

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, avalia ter trazido para a reunião do BIS os indicadores mais positivos da economia brasileira desde que assumiu o cargo, no início de 2003. Nas reuniões e contatos privados iniciados ontem, e que se estenderão ao longo do dia de hoje, Meirelles tem ressaltado a queda da inflação, a perspectiva de aceleração do crescimento do PIB em 2006, o aumento dos superávits fiscal e em conta corrente e a conseqüente redução da vulnerabilidade do País a choques externos, inclusive com a quitação da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Clube de Paris.

Na avaliação da equipe econômica, uma prova desse cenário positivo é a queda recorde do risco Brasil nas últimas semanas, além do fato de vários bancos estrangeiros estarem recomendando a seus clientes um aumento da exposição a ativos brasileiros.

Embora Meirelles tenha evitado falar com a imprensa ontem, o presidente do BC argentino, Martin Redrado, descreveu o ânimo do seu colega brasileiro após uma reunião que discutiu a situação dos emergentes. ¿Meirelles está muito feliz com a inflação¿, disse Redrado.

A avaliação dos dirigentes dos BCs, segundo Redrado, é que o cenário continua ¿benigno¿ para os países emergentes e América Latina. A previsão é que o ciclo de alta dos juros nos EUA esteja próximo do fim, estimulando a liquidez global que vem intensificando os fluxos financeiros para países emergentes.