Título: Para governo ruim '4 anos é demais', provoca Alckmin
Autor: Elizabeth Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2005, Nacional, p. A9

Após reunião com a equipe, governador aproveita e rebate declaração feita por Lula no dia anterior

O governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à Presidência, em 2006, Geraldo Alckmin, afirmou ontem que quatro anos é tempo demais para um "governo ruim" como o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Para um governo ruim, quatro anos é tempo demais porque você perde tempo, oportunidades e não resolve as coisas", disse, rebatendo a declaração de Lula de que quatro anos é pouco tempo para governar. E complementou: "Se for analisar a confiança da população (no governo Lula), o povo está achando que é muito (tempo)". As críticas do governador à administração petista foram feitas após reunião do secretariado paulista, realizada no Palácio dos Bandeirantes, num encontro que teve clima de despedida, pois Alckmin fez um balanço de sua gestão, prestou contas, avaliou como bom o desempenho e discursou como candidato à sucessão de Lula.

Em entrevista após o evento, prometeu trabalhar muito para ser candidato e presidente do Brasil. "Estou animado e acho que podemos avançar muito." Disse que, se for eleito, vai realizar um choque de gestão e de modernidade já no primeiro dia de mandato. "No primeiro dia de governo, todas as reformas têm de estar no Congresso. Não podemos ficar neste marasmo, temos de avançar."

O governador evitou comentar a declaração do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) de que os empresários preferem a sua candidatura em vez da do prefeito da Capital, José Serra (PSDB), porque sua personalidade é mais dócil. "Não tenho nenhum comentário a fazer." Mas, diante da insistência dos repórteres, emendou: "Isso (a declaração de Dirceu) é ridículo".

E fez questão de dizer que além da preferência dos empresários, teve também em São Paulo (na reeleição para o governo), os votos dos trabalhadores, pois obteve um resultado de mais de 12 milhões de votos. Apesar de citar a votação expressiva em São Paulo, evitou entrar em polêmica com Serra.

O governador comentou também que, se for o escolhido para a disputa presidencial, irá defender enfaticamente a gestão de Fernando Henrique Cardoso.

BALANÇO

No balanço de governo, Alckmin imprimiu tom de candidato e elogiou a boa performance de sua administração em vários setores como educação, finanças, infra-estrutura, saúde e segurança.

No final do discurso, foi aplaudido ao citar o poeta Carlos Drummond de Andrade: "São Paulo tem feito a sua parte na construção de um Brasil mais próspero e justo. E, alimentando a esperança do poeta Drummond de que daqui por diante vai ser diferente, vamos acreditar que, brevemente, o Brasil também faça a parte que lhe cabe nesta missão."