Título: Arquivos da ditadura passam a ser públicos
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2005, Nacional, p. A8

Documentos são repassados da Abin para o Arquivo Nacional

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, uma das vítimas da repressão, foi a responsável por anunciar ontem que o Arquivo Nacional em Brasília agora abriga documentos da ditadura, transferidos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). "Com a abertura dos arquivos se completa uma trajetória. Ela é pedagógica e serve para aprender o valor da democracia", disse, de olhos marejados. "O que está zerado, institucionalmente, é a democracia. Mas não há como apagar a história." Ela acha que os arquivos estarão à disposição para consulta em 2 semanas. Os documentos, do período de 1964 a 1990, pertenceram aos extintos Serviço Nacional de Informações, Conselho de Segurança Nacional e Comissão Geral de Investigações. Cópia de todos ficará no Arquivo Nacional do Rio.

Na prática, o acesso a arquivos não é simples. Dilma explicou que a Constituição garante o direito à privacidade e a divulgação dos dados de uma pessoa depende de sua autorização.

Dilma considera "ingenuidade" achar que os papéis terão detalhes de operações da ditadura. "Não tenho como afirmar se os arquivos estão intactos. Se houve arquivos que desapareceram, os historiadores é que vão saber."

Mais tarde, o presidente Lula disse que a abertura dos arquivos ocorre "no momento certo". Os papéis, argumentou, tinham de ser "preparados para abrir, porque é muita coisa para prestar informações à sociedade".