Título: Parecer de Serraglio acirra briga entre PT e oposição
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2005, Nacional, p. A5

Para petistas, relatório parcial não mostra "nexo explícito" entre recebimento de dinheiro por parlamentares e votos pró-governo

O relatório parcial da CPI dos Correios manteve acesa a polêmica entre o PT e a oposição sobre existência do mensalão. O relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi taxativo: "Tenho maior apreço pelo PT, mas lamento que seus parlamentares venham defender o indefensável." Os petistas não se intimidaram e afirmaram que Serraglio não conseguiu comprovar a denúncia do ex-deputado Roberto Jefferson de que deputados aliados recebiam dinheiro em troca de votos favoráveis ao governo. "Os dados apresentados não demonstram cabalmente que houve a transferência para aprovar projetos", disse o deputado Jorge Bittar (PT-RJ). "Não há nexo explícito", afirmou Bittar, ao que o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) contestou: "Pobre coitado do presidente Lula que não terá condições nem coragem de se dirigir aos brasileiros para dizer que o mensalão não existiu depois desse relatório."

O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), argumentou que não houve tempo hábil para fechar os dados sobre o mensalão e apresentar algo mais concreto."Vamos investigar melhor se houve o pagamento em troca de votações", afirmou o senador, admitindo que, às vezes, não havia lógica entre a transferência de recursos e a votação de um projeto de interesse do governo.

A CPI divulgou, por outro lado, que o repasse para o PL, via a corretora Guaranhuns, era feito quase semanalmente entre fevereiro de 2003 e agosto de 2003 - o que o relator chamou de "semanadão". Isso foi baseado em estudo do deputado Julio Redecker (PSDB-RS) na CPI do Mensalão. "A CPI tem de provar isso", insistiu Bittar.

Essa tese foi rejeitada pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Ela alegou que ficou provado que não houve oscilação nas votações de 2003 a 2004. "Estão forçando a barra." Ela disse que o repasse de recursos para deputados está comprovado, mas a acha que a tendência mais forte é que teria sido para pagar compromissos de campanha. O que mais irritou o PT foi o fato de Serraglio não incluir o PMDB, seu partido, na lista dos beneficiários do mensalão. Citou só PT, PTB, PL e PP.