Título: Parecer também aponta divergências
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2005, Nacional, p. A4

Empresas fizeram depósitos mais altos do que notas fiscais emitidas

Além de mostrar as fontes públicas do valerioduto, o relatório parcial da CPI dos Correios também revelou uma série de discrepâncias nos contratos de publicidade das agências do empresário Marcos Valério com empresas privadas. Segundo o relator adjunto da CPI, Eduardo Paes (PSDB-RJ), algumas empresas irrigaram o esquema milionário porque tinham interesses em firmar negócios com o governo. Foram destacados no documento os casos das telefônicas Telemig e Amazônia Celular, que fizeram depósitos nas contas de empresas de Marcos Valério muito mais altos do que notas fiscais que indicavam serviços prestados. No caso da Telemig, a quebra de sigilo bancário mostrou um fluxo financeiro entre a telefônica e agências de publicidade de Valério de R$ 5,5 milhões da telefônica, desde abril deste ano.

As notas fiscais encontradas pela CPI atestam serviços prestados no valor de apenas R$ 10.776. A empresa Cosipa fez depósitos para empresas de Valério de R$ 5,8 milhões e a Usiminas Mecânica pagou R$ 1,1 milhão. No entanto, a CPI não encontrou contratos com nenhuma agência do empresário. Os valores referem-se ao período de 2000 a 2005.

O relatório lembra que os deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Romeu Queiroz (PTB-MG) receberam dinheiro da Usiminas, repassado pela SMPB de Marcos Valério e não declarado à Justiça Eleitoral nem à Receita. Cada um recebeu R$ 102.812 da empresa mineira.

O documento cita ainda casos em que Valério teve tratamento privilegiado. Foi o que aconteceu na Brasil Telecom. A atual direção disse à CPI que, na gestão de Carla Cico, a DNA e a SMPB foram contratadas "sem o trâmite normal e através de ordens diretas da presidente".