Título: Para o BC, a balança está derrubando o risco
Autor: Fabio Graner, Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/12/2005, Economia & Negócios, p. B4

BRASÍLIA - O forte desempenho da balança comercial é a principal causa da queda do risco Brasil, segundo diretores do Banco Central. Na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro, eles registram que o risco bateu recorde histórico de queda, depois de oito anos. Eles acreditam que esse resultado positivo se deve à combinação de comércio exterior forte, superávits nas contas públicas e na redução consistente da inflação. Esse trio contribuiu "sobremaneira para suavizar os efeitos de choques externos adversos sobre a economia doméstica". Conforme a ata, a melhora dos fundamentos da economia permitiu ao País quitar antecipadamente sua dívida com o Fundo Monetário Internacional, com um pagamento de US$ 15,5 bilhões.

O risco reflete, grosso modo, a desconfiança que os investidores têm na capacidade de um país honrar seus compromissos. Ou seja, quanto menor a taxa, maior é a credibilidade desse país. A referência internacional são os títulos do Tesouro americano, considerados de risco zero. A taxa mostra quanto, em porcentagem acima do título americano, um país está pagando para tomar recursos externos (por exemplo, 3,5% a mais por ano).

Um comércio exterior forte é o principal indicador de solvência externa de um país, porque mostra a capacidade de gerar divisas em moeda estrangeira. Por isso os sucessivos recordes que vêm sendo registrados pela balança comercial, apesar do dólar fraco, foram apontados como o principal fator responsável pela queda da taxa. A ata lembra que nos 12 meses terminados em novembro, as exportações somavam US$ 116,6 bilhões. A meta para este ano é exportar US$ 117 bilhões.

Também contribuiu, na avaliação dos diretores, o resultado positivo nas contas públicas. Em outubro, o superávit primário (que é a economia feita pelo governo para pagar a dívida) estava em R$ 95,055 bilhões.