Título: Palestinos poderão fazer campanha em Jerusalém
Autor: Lourival Sant'Anna
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/01/2006, Internacional, p. A14

JERUSALÉM - O governo israelense vai permitir, pela primeira vez, que candidatos palestinos façam campanha em Jerusalém Oriental, para as eleições ao Parlamento palestino, marcadas para o dia 25. Apenas o grupo extremista Hamas, que deverá ter um bom desempenho nas urnas, continua vetado. Também será proibida propaganda contra a existência do Estado de Israel. O primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, ainda não decidiu se os palestinos poderão votar em Jerusalém Oriental. A decisão é considerada o primeiro teste da liderança de Olmert, vice do primeiro-ministro Ariel Sharon.

Nas eleições presidenciais e municipais palestinas realizadas no ano passado, os moradores de Jerusalém Oriental tiveram de ir votar na Cisjordânia ou em agências do correio, caracterizando uma espécie de voto a distância.

A questão é sensível. A Autoridade Palestina se recusa a realizar eleições sem a participação dos quase 200 mil palestinos de Jerusalém Oriental.

A indefinição do governo israelense motivou dúvidas sobre a realização do pleito na data marcada. Ocupada por Israel desde 1967, Jerusalém Oriental é considerada pelos palestinos a capital de seu futuro Estado. Já os israelenses, que anexaram a parte árabe de Jerusalém em 1968, afirmam que a cidade é ¿indivisível¿.

O impasse foi um dos motivos do fracasso do processo de paz em 2000, que abriu caminho para a eleição de Sharon, no ano seguinte.