Título: Ambiente é positivo, avaliam países ricos
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

O grupo de bancos centrais do G-10 (que, apesar do nome, é formado por 11 países: Alemanha, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Japão, Reino Unido, Suécia e Suíça) constatou uma melhora da economia mundial em 2005 e indicou que crescerá no mesmo ritmo ou ainda mais rápido em 2006. O presidente do Banco Central Europeu (BCE) e porta-voz do G-10, Jean-Claude Trichet, disse ontem que atualmente existe um "ambiente muito positivo" para a conjuntura mundial. Ele acrescentou que a economia global está vivendo uma "fase encorajadora".

Ainda assim, Trichet anunciou, ao término da reunião do G-10 na Basiléia, que o grupo esteve cauteloso em relação ao desenvolvimento futuro da economia global, embora o "sentimento geral" tenha sido otimista.

O presidente do BCE disse que a inflação mundial se manteve baixa em 2005 e destacou o papel dos bancos centrais em preservar as previsões de inflação em níveis compatíveis com a estabilidade de preços. Para ele, as autoridades monetárias têm grande credibilidade em nível mundial, que foi "constatada pelos mercados".

Isto permitiria fazer previsões que mantêm a taxa de inflação solidamente ligada à estabilidade de preços. O G-10 previu a estabilização dos preços do petróleo nos níveis atuais (por volta dos US$ 60 por barril), embora tenha apontado esse fator como um dos riscos à economia. Trichet ainda apontou os desequilíbrios globais como outro sério problema. Ele ressaltou que, ao contrário de outras ocasiões, o G-10 não incluiu o protecionismo econômico entre os perigos atuais, mas "é essencial evitar este fenômeno a médio prazo".

Sobre as taxas de juros, Trichet disse que permanecem em um nível real e nominal "muito baixo", embora tenham crescido nos últimos meses.

O presidente do BC do Brasil, Henrique Meirelles também está otimista sobre o cenário positivo para os mercados emergentes. "Não há expectativa de mudança substancial para os emergentes neste ano."

Segundo ele, "os EUA deverão ter um crescimento próximo ao do ano passado, o Japão é a surpresa positiva com uma expansão maior do que a prevista, a Europa está se recuperando um pouco, embora ainda de uma forma lenta, e para a China não se esperam grandes mudanças, o mesmo valendo para a América Latina".

Meirelles reiterou que há uma "visão muito positiva em relação ao Brasil, que com todos os fundamentos necessários para um crescimento sustentável".