Título: Brasil tem a melhor chance em uma geração, diz Rato
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, disse ontem ao Estado que o Brasil está diante da melhor oportunidade em pelo menos uma geração para confirmar a opção que fez nos últimos anos, com grandes esforços, por um caminho de crescimento duradouro. Numa manifestação de apoio à política econômica, ele disse que o que ainda falta é continuar a estratégia que o País já adotou e vem executando "com competência". Rato falou de Paris, momentos antes de embarcar para Brasília. Hoje ele participa da cerimônia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva formalizará a decisão do País de pagar antecipadamente mais de US$ 15 bilhões de débitos ao Fundo. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Há uma forte tensão no governo entre os que defendem a permanência da política fiscal executada pelo ministro Palocci e os que acham que o governo precisa abrir os cofres e gastar mais. O senhor tem alguma sugestão da fazer nessa briga?

Não é meu papel falar sobre debates políticos internos dos países. O que posso dizer é que o Brasil não tem há mais de uma geração uma oportunidade tão boa como tem hoje de assentar-se num caminho de crescimento. A economia brasileira é dinâmica, com um futuro promissor. Crescerá mais em 2006 do que cresceu em 2005, com menos inflação, custo menor de sua dívida, menos pobreza e mais emprego. Isso foi obtido depois de muitos esforços, mantendo uma política macroeconômica que garante a estabilidade. Creio que é do interesse dos brasileiros não perder tudo o que foi alcançado e continuar trilhando o caminho de uma economia que dará resultados cada vez melhores.

Os progressos mais recentes foram num ambiente internacional muito favorável. Ele continuará este ano e em 2007?

Queria lembrar que, em outros momentos em que o ambiente internacional foi favorável, o Brasil não se beneficiou da mesma maneira. É verdade que hoje a situação internacional é mais favorável, mas também é verdade que os brasileiros fizeram muitas coisas na direção correta para colher os benefícios. Acabo de estar numa reunião dos bancos centrais e a visão é que a economia mundial continuará crescendo em 2006. Estamos diante de uma grande oportunidade para os países emergentes. O Brasil caminha para converter-se num economia de confiança, que avança rumo a um grau de investimento, o que produzirá uma redução substancial nas taxas de juros e do custeio da dívida. E permitirá avançar rumo a uma modernização de sua economia que lhe possibilitará competir na globalização e manter taxas de crescimento que são o único caminho para reduzir a pobreza. O ambiente internacional é favorável e há de aproveitá-lo.