Título: Argentina libera US$ 9,5 bi para pagar o FMI
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/12/2005, Economia & Negócios, p. B5

Relação com o Fundo Monetário Internacional vai mudar, esperam membros do governo

A Argentina iniciou o processo de pagamento da totalidade da dívida argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A ministra da Economia, Felisa Miceli, assinou a resolução que autoriza o desembolso de US$ 9,5 bilhões (atualmente no Banco Central na categoria de "reservas em disponibilidade") - para o pagamento da dívida. O pagamento será em 2 e 3 de janeiro. O ministério também anunciou que entregará ao BC letras intransferíveis em dólares, com prazo de dez anos, pela mesma quantia da dívida que será cancelada, de forma que os ativos e os passivos do banco fiquem equilibrados.

Segundo fontes do governo, "a Argentina continuará sendo um país membro do FMI, mas a a relação será muito diferente daqui para a frente".

Para concretizar o pagamento, o governo usará pouco mais de um terço das atuais reservas do BC. Após o pagamento, elas serão reduzidas para US$ 18,5 bilhões.

No entanto o governo sustenta que a base monetária ficará respaldada, já que ela é atualmente de 56,937 bilhões de pesos, o equivalente a US$ 18,7 bilhões.

PREVISÕES

O presidente do BC, Martín Redrado, anunciou que a entidade financeira calcula que o PIB crescerá 6,2% em 2006, um valor superior em 4 pontos ao previsto no Orçamento Nacional. Segundo o BC, "o contexto internacional vislumbra um cenário favorável à Argentina, com altos preços internacionais das matérias-primas, forte crescimento econômico mundial e taxas de juros internacionais baixas em termos históricos, apesar da alta do último ano".

O BC também prevê uma inflação entre 8% e 11% para 2006. O banco indica que o cálculo não inclui eventuais reajuste de tarifas dos serviços públicos privatizados nem alterações significativas dos preços de produtos regulados. Isto indica que a inflação de 2006 seria inferior à de 2005. Dados preliminares indicam que a inflação acumulada neste ano passa de 12%.

Além disso, o BC calcula que em 2006 as exportações atingirão novo recorde, chegando a US$ 43,5 bilhões. A expectativa é que o superávit da balança comercial seja de US$ 11,5 bilhões.

Redrado também sustentou que no final de 2006 as reservas voltarão ao nível atual de US$ 28 bilhões. Este nível será substancialmente reduzido na próxima semana, quando o governo pagará a dívida que possui com o FMI.