Título: PSDB monta colégio eleitoral para decidir entre Serra e Alckmin
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2006, Nacional, p. A4

Os últimos movimentos do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, fizeram o PSDB acelerar os preparativos para definir seu candidato à Presidência da República e obrigaram o partido a encará-lo como tendo potencial eleitoral semelhante ao do prefeito de São Paulo, José Serra. Marqueteiros e pesquisadores estão bombardeando os dirigentes tucanos com informações sobre as qualidades de um em comparação com o outro. Para que não aconteça como na campanha de 2002, quando o PSDB se dividiu na disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato do PT, o partido decidiu que um colégio eleitoral informal escolherá até início de março, entre Alckmin e Serra, qual será o candidato. Para os tucanos, o problema é saber qual dos dois tem musculatura eleitoral consistente para o embate com Lula. ¿Se o Lula continuar a meia boca como é agora, Serra e Alckmin são candidatos. Se ele se fortalecer, coisa que ninguém acredita que possa acontecer, Serra ficaria na Prefeitura e o governador paulista seria o escolhido. Os dois são candidatos com desempenhos impressionantes e o fato de estarem bem dificulta o processo de escolha¿, observou o senador Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado Participarão desse processo de escolha os integrantes da Executiva do PSDB, os líderes tucanos no Congresso, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, já considerado fora do páreo. De candidato ele virou eleitor e já na próxima semana tem um encontro marcado com o governador de São Paulo.

Nos próximos 15 dias, os tucanos definirão algumas regras para o processo de escolha. ¿O partido tomará a decisão com base em pesquisas quantitativas e qualitativas. Não há hipótese de o derrotado ficar de fora da campanha do outro. Ele tem que estar à altura da decisão a ser tomada¿, avaliou Virgílio.

A idéia é a de que o candidato preterido aceite a derrota e lance publicamente o nome do vencedor. ¿Quem perder não pode fazer beicinho¿, ponderou o secretário-geral Eduardo Paes.

Se depender de pesquisas em poder do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o candidato seria Alckmin, e não Serra. FHC tem concordado com a avaliação de alguns marqueteiros para os quais as chances de expansão da candidatura de Alckmin são maiores que as de Serra, cuja subida, segundo eles, deve-se basicamente à forte queda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A tese dos aliados de Alckmin é que o crescimento de Serra pode já ter chegado muito perto do teto, enquanto o governador teria uma avenida para expandir sua candidatura. Os números comparam os dois tucanos em dois períodos. entre novembro de 2004 e dezembro de 2005, Serra e Alckmin teriam obtidos desempenhos semelhantes. Serra teria crescido 5 pontos e Alckmin 4. No outro cenário, de março a dezembro de 2005, Serra alcançou 10 pontos, contra 8 de Alckmin.

Serra, no entanto, não conseguiu reduzir o número de indecisos, que está na casa dos 16 pontos, e ainda não demonstrou capacidade de reduzir a rejeição. ¿Esse é que é o ponto. Serra não está avançando contra a rejeição ao seu nome. E o importante agora não são as intenções de voto, mas a redução da rejeição¿, observou um marqueteiro tucano.

Outras pesquisas, no entanto, garantem a força de Serra. Seu crescimento, por exemplo, está distribuído por todo o País e não apenas na Região Sudeste, principalmente em São Paulo, como acontece com Alckmin. Nesse caso, a superioridade de Serra é esmagadora. Ele tem votos em todo os Estados e bate Lula nos dois turnos. O problema é saber se ele mantém essa posição até o dia do pleito.