Título: Lula vai ao Rio liberar R$ 100 mi na área da saúde
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2006, Nacional, p. A5

Um ato público com pelo menos 10 mil pessoas, liberação de R$ 100 milhões e gosto de lançamento de candidatura à reeleição marcará a passagem, dia 20, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Rio de Janeiro, com destaque para a Baixada Fluminense, uma das regiões mais pobres do Estado. A manifestação é preparada pelos prefeitos de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), e Queimados, Rogério do Salão (PL), e dará tom político à assinatura de convênios para construção de um hospital e investimentos de reforma e ampliação de 17 unidades da região, que virarão mini-hospitais, mas divide as prefeituras das cidades da área. O prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (PMDB), aliado do pré-candidato a presidente pelo PMDB Anthony Garotinho, disse que não vai. Outros seis prefeitos podem fazer o mesmo.

¿Não é campanha ainda, mas vai ser um grande ato¿, disse, ao Estado, Lindberg Farias, companheiro de partido do presidente Lula, negando que a manifestação possa se transformar em ato de lançamento informal da campanha do presidente à reeleição. A avaliação de que 10 mil pessoas comparecerão ao ato é de Lindberg, mas, junto ao prefeito, há quem fale que o objetivo real é maior: 20 mil.

Já Reis ironizou a visita de Lula e avisou que, mesmo que seja convidado, não vai. ¿A turismo, bater palmas para ele, não vou. O que vou fazer lá, me conformar com a ausência de investimentos para o meu município?¿

A solenidade vai acontecer junto ao esqueleto das obras ¿ paradas há 13 anos ¿ do Hospital de Queimados. Em sua passagem pelo Rio, o presidente vai assinar convênios para liberar R$ 40 milhões para retomada da construção; R$ 16 milhões para reforma e ampliação dos 17 postos em 11 municípios; e verbas para outras 14 unidades, na região de Niterói e São Gonçalo.

¿Vamos mudar a saúde da Baixada¿, diz Lindberg. Com ele, além do anfitrião Rogério do Salão, estão os prefeitos petistas André Ceciliano (Paracambi) e Artur Messias (Mesquita), o pepista Farid Abrão (Nilópolis) e o pefelista Charlinho (Itaguaí).

No outro lado estão Reis e outros peemedebistas: Uzias Mocotó (São João de Meriti), Maria Lúcia (Belford Roxo), Nelson do Posto (Guapimirim) e Núbia Cozzolino (Magé), o tucano Pastor Bruno (Japeri) e do PSC Gedeon Antunes (Seropédica).

¿Temos uma boa relação com Rogério, Charlinho e Farid¿, diz Lindberg. ¿O resto é pró-Garotinho.¿ O objetivo, porém, é que todos os prefeitos estejam presentes.

ATAQUE Os sete prefeitos ligados a Garotinho ¿ que em 2004 sofreu uma dura derrota política na região, com a eleição dos três prefeitos petistas ¿, porém, poderão ficar longe do palanque da solenidade. ¿Não fui convidado, irmão¿, disse Reis ao repórter, explicando a ausência.

¿Gostaria muito de receber o presidente em Duque de Caxias, o município mais importante da Baixada. Ele é meu presidente, independentemente do partido.¿ Reis reclamou das verbas de R$ 1,6 milhão que Lula vai liberar para transformar dois postos de saúde da cidade, o de Xerém e o do Parque Eqüitativa, em unidades pré-hospitalares. ¿Veja a proporção: de R$ 100 milhões, Duque de Caxias, com 30% da população da Baixada, recebe R$ 1 milhão¿, atacou. ¿Lamento que, a nove meses da eleição, Duque de Caxias ganhe esse farelo do bolo.¿ Ele disse, porém, não poder falar sobre outros prefeitos.

Os postos da Baixada que virarão mini-hospitais ficam em Belford Roxo (um), Japeri (dois), Magé (um), Duque de Caxias (dois), Itaguaí (um), São João de Meriti (dois), Seropédica (um), Nova Iguaçu (dois), Paracambi (um), Mesquita (dois) e Nilópolis (dois).