Título: Gil cobra: 'Se há trabalho a fazer, que trabalhem'
Autor: Rosa Costa, Luciana Nunes e Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2006, Nacional, p. A7

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, endossou ontem o coro contra o esvaziamento do Congresso na convocação extraordinária, que assegura a cada um dos parlamentares a renda extra de cerca de R$ 25 mil. Gil disse que não há motivos para deputados e senadores se ausentarem do trabalho. ¿Falando como cidadão, no momento em que o Congresso tem matérias a serem apreciadas ¿ e é exatamente o caso ¿, no momento em que há uma pauta grande a ser apreciada relativa a reformas, ao orçamento e a uma série de coisas, acho que na convocação, se há trabalho a fazer, que os parlamentares trabalhem.¿ Gil apresentou ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), seu candidato a diretor da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Leopoldo Nunes. A escolha só será formalizada se receber o apoio da Comissão de Educação e do plenário.

Para evitar críticas como essa, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), iniciou ontem conversas para tentar reduzir o recesso e acabar com salários extras nas convocações. Ele vai propor na segunda-feira aos líderes partidários que a emenda que reduz o recesso seja votada o mais rapidamente possível, logo após a liberação da pauta, que está trancada por duas medidas provisórias.

A maioria dos partidos aceita férias de 60 dias, 30 em julho e 30 em dezembro. Atualmente, há recesso em julho, dezembro e janeiro. Outra idéia discutida é reduzir o recesso para 45 dias. ¿As duas propostas vão ao encontro daquilo que é a expectativa de todos¿, disse Aldo. ¿Acho que a redução do recesso é necessária para o País e para o funcionamento do Congresso.¿

Também ontem, deputados do Conselho de Ética da Casa visitaram Aldo para pedir que ponha em primeiro lugar na ordem de votações em plenário o projeto que extingue o pagamento de salário extra nas convocações. O conselho aprovou a proposta, feita por Júlio Delgado (PSB-MG), na segunda-feira, na sua primeira reunião depois de 20 dias de recesso.

Aldo disse ao grupo que a ordem de votação será decidida pelo Colégio de Líderes em reunião segunda-feira, quando começa o trabalho legislativo da convocação. ¿Anuncio as matérias prioritárias, como Fundeb, fim do pagamento extra, unificação da Receita. Minha posição é que a ordem será decidida segunda-feira.¿