Título: Fundo de pensão admite rombo de R$ 36 mi
Autor: Fausto Macedo e Karine Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2006, Nacional, p. A8

Dirigentes de 13 dos principais e mais ricos fundos de pensão do País reuniram-se ontem em São Paulo para protestar contra a CPI dos Correios, a quem atribuem vazamento de ¿informações levianas¿. Eles afirmam que suas atividades são transparentes, rejeitam o rótulo caixa-preta e alegam que ¿nenhum ente da sociedade é tão fiscalizado quanto os fundos¿. Mas um deles, Elias, presidente do Núcleos Instituto de Seguridade Social, quebrou a harmonia do discurso ensaiado, admitiu rombo de R$ 36,8 milhões e atirou a responsabilidade por operações ruinosas a quatro ex-diretores do fundo.

O Núcleos possui patrimônio de R$ 528,9 milhões e carteira de 2,4 mil participantes. Marcos Elias assumiu a presidência do fundo em agosto. ¿Identificamos equívocos¿, ele disse, referindo-se ao período de agosto de 2003 a julho de 2005. ¿Contratamos auditoria que descobriu a perda, resultado da dilapidação do nosso patrimônio.¿

PREJUÍZO Elias declarou que a investigação interna não tem relação com os trabalhos da CPI dos Correios ou qualquer outra. A auditoria rastreou operações para aquisição de títulos públicos acima do valor de mercado, gerando prejuízo para o fundo estimado em R$ 22,7 milhões. Tais operações provocaram autuações da Secretaria de Previdência Complementar.

Foram autuados Paulo Roberto Figueiredo, ex-presidente do fundo e da Eletronuclear; Gildásio Amado Filho, ex-diretor financeiro do fundo; e Abel de Almeida, ex-diretor de benefícios. Figueiredo é ligado ao PC do B e Gildásio, ao PT ¿ ele negou amizade com o ex-secretário de comunicação do PT Marcelo Sereno. Disse ter conversado com Sereno duas vezes, em reuniões sociais, e só vai se manifestar sobre as acusações quando notificado. Figueiredo e Almeida não foram localizados.

Sobre as denúncias de irregularidades nos fundos ¿ 14 deles teriam dado prejuízo de R$ 784,1 milhões ¿ , o presidente da Associação Brasileira de Entidades de Previdência Complementar, Fernando Pimentel, foi enfático: ¿Não usamos de subterfúgios, posso garantir que 98% não têm problemas.¿