Título: Brasil indicará dois nomes à ONU
Autor: Tânia Monteiro e Leonêncio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2006, Internacional, p. A12

BRASÍLIA - Nações Unidas exigiram que o Brasil apresente dois nomes como opções para substituir o general Urano Teixeira da Matta Bacellar no comando da missão internacional de paz no Haiti. O Planalto prefere que o escolhido seja o general José Elito Carvalho Siqueira, cujo nome chegou a ser anunciado. Mas vai cumprir a formalidade imposta pela ONU. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparece hoje à homenagem a Bacellar na Base Aérea de Brasília, antes de o corpo do general ser embarcado para o Rio, onde será entregue à família e enterrado. Lula pediu para ser informado sobre qualquer novidade no caso.

Ontem, o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, tentou amenizar o mal-estar entre o Exército e o Itamaraty, que se antecipou e anunciou o general Elito para ser o novo comandante das forças de paz, alegando que outro nome ainda será apresentado à ONU, que terá a decisão final. Alencar também descartou novas discussões sobre a permanência do Brasil no Haiti: ¿Houve um problema e temos de superá-lo. Superá-lo é nos mantermos lá e no comando¿ da força de paz.

O encaminhamento de dois nomes à ONU é praxe e assim foi feito na vez anterior, quando Bacellar foi escolhido. O general Elito viajará no fim de semana com o general Francisco Albuquerque, comandante do Exército brasileiro, para Nova York, a fim de ser apresentado às autoridades da ONU.

O general Albuquerque assegurou que a força ¿já superou¿ o baque da morte do general Bacellar e passou a falar da importância do Brasil e do Exército participarem de missões internacionais.

O corpo de Bacellar será submetido a necropsia na manhã de hoje no Instituto Médico Legal da Polícia Civil de Brasília. Serão feitos exames complementares para definir a causa da morte, ocorrida no hotel onde morava em Porto Príncipe. A principal suspeita, segundo relatórios internacionais, é de suicídio, mas ainda não estão descartadas as hipóteses de acidente ou até assassinato.

Manter as tropas brasileiras no Haiti já custou ao Tesouro R$ 266,8 milhões desde 2004, segundo a ONG Contas Abertas.