Título: Ataques do PCC deixam PM morto e polícia em alerta
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2006, Metrópole, p. C1

Em dois dias, cinco ataques, com três veículos e duas bases da Polícia Militar metralhados. Um soldado morto, um ferido em estado grave e dois bandidos mortos. E o secretário da Segurança, Saulo Abreu, admitiu ontem: a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) retomou a onda de atentados à polícia, estratégia de terror já usada em 2003. À tarde, a Polícia Civil prendeu dois suspeitos do ataque a uma base da PM na zona norte, ocorrido anteontem, o primeiro da série de atentados. A polícia acredita que os ataques aconteceram por dois motivos. Em primeiro lugar, retaliação contra a PM por ter frustrado o resgate de presos do PCC, segunda-feira, na Penitenciária 1 (P1) de Presidente Bernardes. Investigações apontam que Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, era o principal alvo dos bandidos, que pretendiam usar até um lança-foguetes para destruir a muralha do presídio. O segundo motivo dos atentados seria fazer pressão pela saída de Marcola do isolamento na P1, para onde ele foi levado com outros 21 detentos.

No ataque mais violento de ontem, o soldado Luiz Cláudio Monteiro, de 37 anos, do 5º Batalhão, foi executado a tiros de espingarda calibre 12 e de pistola, às 7h45, no Viaduto Curuçá, Vila Maria, zona norte. Monteiro estava em pé, ao lado do Corsa da PM. Fazia o patrulhamento sozinho. Segundo a polícia, os atiradores estavam num Fox preto, num Polo vermelho e numa motocicleta vermelha. Soldado da PM havia 10 anos, Monteiro deixou uma filha de 9.

Na fuga, a caminho da Via Dutra, os criminosos cruzaram com um Gol da PM na Rua Carmópolis de Minas, sob o Viaduto Curuçá. O soldado Ricardo Domingos de Oliveira, de 28, também estava sozinho. Recebeu um tiro no braço e a bala atravessou o tórax. Levado ao Hospital Municipal da Vila Maria, seu estado é crítico.

Horas antes desses atentados, o soldado José Flávio da Silva, de 33, já escapara por pouco da morte. À 0h15, dois motoqueiros atiraram num posto do 16º Batalhão, na Rua Coronel Hastimphilo de Moura, Morumbi. Salvo pelo colete à prova de bala, Silva se feriu levemente com estilhaços de vidro da cabine. Ao contrário dos colegas, Silva estava acompanhado ¿ pela soldado Beatriz Rosângela Vieira de Paula, de 33 anos, que escapou ilesa da saraivada de tiros.

Depois dos ataques, Saulo colocou a polícia em alerta. Suspendeu folgas e pôs homens de departamentos especializados para investigar os atentados. À tarde, graças a uma denúncia anônima, a Polícia Civil deteve cinco homens num sobrado da Rua Alexandre de Miranda, na Casa Verde, zona norte. No local, foram apreendidos pistolas, um Golf, um Gol e duas motocicletas.

Dois dos cinco detidos foram autuados por porte ilegal de arma. Há indícios de envolvimento de ambos no ataque à base da PM da Avenida Brás Leme, Santana, anteontem, no qual o soldado Fábio Mercado da Silva, de 34 anos, se feriu com estilhaços ¿ a PM Solange Cândido, também de 34 anos, escapou ilesa.

O último atentado aconteceu à noite. Bandidos em dois carros atiraram num Corsa da PM na Freguesia do Ó. Perseguidos, dois criminosos morreram. A secretaria não admitiu que esse episódio tenha relação com os demais. Para ela, os assassinatos de dois PMs e dois investigadores ocorridos na terça e na quarta-feiras também são casos isolados.