Título: 'Primeiro vencer, depois ir à guerra'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/01/2006, Internacional, p. A10

Ariel Arik Sharon, o general, é um guerreiro de muitas façanhas. A maior delas, em 1973: depois da difícil vitória de Israel contra os vizinhos árabes, na Guerra do Yom Kippur, criou uma doutrina de poder - primeiro vencer, depois ir à guerra -, que transformou seu país na maior potência militar do Oriente Médio. Na prática, implica dispor de superioridade, no caso, na proporção mínima de 15 para 1. Israel mantém em regime de mobilização permanente cerca de 170 mil soldados, 3.657 tanques, 11 mil blindados, 5.432 canhões e 420 aviões de ataque. Sharon fez mais: montou o sinistro Projeto Jericó, destinado a desenvolver e construir armas nucleares. Iniciado há 30 anos - quando o centro atômico do deserto de Dimona já havia produzido pelo menos quatro armas equivalentes à bomba de Hiroshima - o programa resultou em 100 mísseis Jericó I/II com alcance sobre todos os alvos estratégicos da região. Esse arsenal nuclear somava em outubro de 2005 cerca de 200 ogivas, bombas guiadas e granadas de artilharia.

Sharon, o soldado, é uma lenda muita próxima da de Moshe Dayan, outro herói de Israel. Guerrilheiro aos 14 anos, rebelde da organização Haganá, acabou recebendo treinamento da inteligência militar em paralelo à de combatente de campo. Participou de todos os conflitos contra as forças árabes desde 1948. Montou a Unidade 101, grupo de operações especiais empregado na destruição de núcleos da resistência palestina. Mais recentemente a U-101 passou a responder pelos assassinatos seletivos de líderes terroristas. Sharon jamais se afastou totalmente do grupo.