Título: Gasto com carros explode e chega a R$ 724 mi em 2005
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2006, Nacional, p. A5

BRASÍLIA - A União gastou em 2005 mais de R$ 724,7 milhões com a compra, aluguel, abastecimento e despesas de manutenção da frota federal de carros oficiais. O montante, superior à soma dos orçamentos dos Ministérios do Turismo (R$ 324 milhões) e da Cultura (R$ 395 milhões), refere-se aos três poderes ¿ Executivo, Legislativo e Judiciário. A soma fica 24% acima dos gastos com fetios veículos oficiais em 2004 ¿ de R$ 586 milhões ¿ e é cerca de 80% maior que os R$ 419 milhões de 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso. As despesas da União vêm crescendo a cada ano e preocupam o Ministério do Planejamento, que estuda um plano para a terceirização gradativa dos serviços de transporte público federal e pôr um fim à farra do carro oficial. Além de economizar na aquisição e manutenção de veículos, o governo pretende evitar o inchaço da folha de pessoal com a contratação de servidores para funções que não sejam típicas de Estado, como os motoristas.

Discretamente, segundo o ministério, o governo reforçou a contratação de empresas privadas para o transporte de servidores pela Presidência. A experiência foi introduzida na Secretaria de Orçamento e Finanças no fim do ano e deve se espalhar em 2006. O ministério ponderou, no entanto, que em 2005 houve expansão no quadro de carreira da União e ampliação considerável das atividades típicas de Estado, como operações da Polícia Federal, da Receita e do Ibama, além da atuação do Incra.

Os dados sobre os gastos com veículos oficiais foram levantados pela organização não-governamental (ONG) Contas Abertas, que prepara expediente ao Tribunal de Contas da União e ao Planejamento, pedindo providências. Na conta, não estão gastos das empresas públicas e sociedades de economia mista, nem os salários e diárias de motoristas.

O levantamento da ONG inclui não só desperdícios, mas também despesas justas, como ambulâncias, carros de bombeiros e reaparelhamento das polícias. Inclui ainda aluguel, manutenção, combustíveis e lubrificantes, IPVA e compra de acessórios. Mas centra suas preocupações em abusos e falta de racionalidade. Cita, por exemplo, que em 2005 foram gastos mais de R$ 500 mil na compra e instalação de aparelhos de MP3, ar-condicionado e toca-fitas.

O coordenador da ONG, Gil Castelo Branco, diz que a lei não permite o uso de carro oficial para levar servidores em casa nem para apanhar filhos no colégio. ¿Nem mesmo ao aeroporto o transporte é autorizado, exceto por veículos de representação, mas não é isso o que ocorre¿, comenta Gil.