Título: Delcídio anuncia votação do texto final para 15 de março
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2006, Nacional, p. A9

BRASÍLIA - A CPI dos Correios deverá concluir os trabalhos até 15 de março, um mês antes do previsto, anunciou ontem o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS). A avaliação na cúpula da CPI é que ela se transformou num palanque eleitoral e pouco há para avançar nas investigações. Na segunda-feira, o comando da comissão vai se reunir para definir o calendário de entrega dos sub-relatórios sobre movimentação financeira, contratos, Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), normas de combate à corrupção e fundos de pensão. ¿Vamos tentar acelerar tudo para que possamos votar o texto final até 15 de março¿, afirmou ontem Delcídio. A nove meses das eleições, a cúpula da CPI se preocupa com o uso político da comissão e o acirramento das disputas regionais. Exemplo desse clima de tensão pré-campanha ocorreu ontem no depoimento na CPI de ex-dirigente da Prece, o fundo de pensão da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae) do Estado do Rio de Janeiro. A deputada Denise Frossard (PPS-RJ), pré-candidata ao governo do Rio, e o deputado Carlos William (PTC-MG), aliado do ex-governador Anthony Garotinho e sub-relator do IRB, bateram boca e se xingaram.

No dia anterior, foi a vez de Willian e o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), filho do prefeito do Rio César Maia, se desentenderem também no depoimento de representante da Prece. Nos últimos dois dias, o sub-relator de fundos de pensão, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), convocou quatro representantes da Prece para falar na CPI dos Correios. ACM Neto fez relatório citando indícios de irregularidades em operações do fundo de pensão dos funcionários da Cedae.

A sub-relatoria de fundos de pensão foi a penúltima a começar a funcionar e, por isso, ACM Neto defende que os trabalhos se estendam até o prazo final da CPI, em abril. ¿Vou conversar com o deputado ACM Neto sobre a antecipação da entrega do relatório¿, disse o senador Delcídio. Anteontem, ACM Neto apresentou relatório preliminar apontando perdas de R$ 75,9 milhões entre 2000 e 2005 em 13 fundos de pensão patrocinados por estatais.

Ontem pela manhã, o presidente da CPI, Delcídio Amaral, recebeu representantes da Associação Brasileira Entidades de Previdência Privada (Abrapp), que reclamaram da divulgação de dados sobre o setor. Relatório de dezembro do ano passado apontou perdas de R$ 729 milhões de 14 fundos em operações na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) entre 2000 e 2005. ¿Eles (representantes da Abrapp) falaram do vazamento de informações sobre os dados dos fundos e acharam que os R$ 700 milhões têm de ser tratados com cuidado¿, afirmou o Delcídio.