Título: Chávez pode ter errado em análise sobre Embraer
Autor: Roberto Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2006, Internacional, p. A12

O ¿veto¿ do governo dos EUA à exportação de 24 turboélices Supertucano, da Embraer, para a Venezuela, pode não passar de um erro de análise do presidente Hugo Chávez. Em outubro de 2005, a Casa Branca não autorizou a empresa israelense Elbit a realizar um amplo programa de modernização nos supersônicos F-16A Falcon, americanos, comprados pela Força Aérea da Venezuela (FAV) em 1983. O contrato, de US$ 100 milhões, foi proibido porque a tecnologia envolvida seria repassada ao grupo israelense por companhias dos EUA. Como a mesma Elbit é parceira ¿ responsável pela eletrônica de bordo ¿ da Embraer no projeto do Supertucano, o presidente Chávez estaria considerando que a proibição abrange também a venda dos turboélices de treino e ataque leve.

Especialistas em comércio do Itamaraty sustentam que esse seria o principal ¿indício de obstrução¿ ao contrato, citado pelo chanceler brasileiro Celso Amorim há dois dias, quando tratou do assunto em Brasília.

Formalmente, não houve nenhuma manifestação do governo do presidente George W. Bush em relação ao fornecimento dos turboélices ¿ uma encomenda de US$ 230 milhões. A Embraer não se manifesta a respeito porque, segundo sua assessoria, ¿a empresa não comenta negócios em andamento¿ ¿ indicação de que a transação está em discussão e não foi interrompida. Um dos itens fixados por Hugo Chávez é que parte da integração e da montagem das aeronaves seja feita na Venezuela. A FAV mantém pendente a aquisição, por US$ 260 milhões, de 12 caças-bombardeiros AMX-T, brasileiros.

ESTRELA

Em 2006, o Supertucano será o foco principal das ações da companhia no mercado militar. O avião é um turboélice de alto desempenho (590 km/hora, 7 horas de vôo contínuo em missão de patrulha armada), dotado de recursos eletrônicos equivalentes aos dos caças pesados de última geração.

Leva 1.500 quilos de cargas de ataque (mísseis, foguetes, bombas guiadas) além de duas armas fixas, metralhadoras .50, cada uma, com 200 tiros. Realiza também missões noturnas. Em ação combinada com o grande jato de inteligência AEW, montado sobre a plataforma do Emb-145, pode executar defesa aérea de longa distância. A Embraer acredita que haja demanda internacional para cerca de 200 unidades .