Título: Juro pode cair mais rápido, diz ministro
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

A inflação continua ¿absolutamente controlada¿ e há espaço para o Banco Central seguir cortando juros, disse ontem o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ao comentar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,69% no ano passado. Ele acredita até que os juros podem cair mais rápido, pois neste ano o Comitê de Política Monetária (Copom) vai se reunir menos vezes. ¿Pela lógica leiga, a tendência é que, com menos reuniões, os cortes sejam maiores.¿

O Copom tem oito reuniões marcadas para este ano, enquanto nos anos anteriores houve 12 reuniões por ano. Questionado se o fato de o IPCA ter ficado pouco acima do objetivo do BC (que era de 5,1%) não levaria autoridade monetária a se manter na linha conservadora, o ministro afirmou que o BC não deixará de ser conservador. ¿É inerente ao BC ser conservador¿, disse Bernardo.

O ministro admitiu que o dado da produção industrial de novembro, divulgado esta semana, ficou abaixo do esperado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve um crescimento de apenas 0,6% na comparação com outubro, o que sugere que a retomada da atividade econômica esperada para o quarto trimestre de 2005 foi fraca.

Bernardo, porém, acha que é cedo para conclusões. O ministro prefere esperar o resultado de dezembro para avaliar o desempenho da economia no último trimestre de 2005 e ter uma idéia mais precisa do ritmo de retomada da atividade econômica.

Ele afirmou, contudo, que o nível de atividade está se recuperando de fato e deve continuar se acelerando com a queda nas taxas de juros.

SUPERÁVIT

O ministro do Planejamento afirmou que o superávit primário (economia para pagamento da dívida pública) de Estados e municípios em dezembro ¿está bombando¿.

Segundo ele, esse desempenho foi fundamental para que em 2005 o superávit primário ficasse acima da meta de 4,25% do PIB. O ministro, porém, não confirmou o valor exato do esforço fiscal do setor público consolidado, que será divulgado oficialmente no dia 30.

¿Almocei hoje (ontem) com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que me disse que ainda não tem o número fechado. Eu também não sei em quanto vai ficar¿, disse Bernardo, que em seguida afirmou que as projeções de uma economia de 4,7% a 4,8% do PIB não mudaram.

Segundo o ministro, o governo central fez, em dezembro, um esforço para gastar o excesso de economia feito ao longo do ano. ¿Dezembro foi mês de déficit. Liberamos tudo o que tinha condição de ser liberado.¿