Título: Pesquisa mostra que indústria prevê demissões
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2006, Economia & Negócios, p. B3

O ano começa com péssimas perspectivas para o emprego industrial. Prévia da 158ª Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que 32% das empresas consultadas planejam reduzir a mão-de-obra no primeiro trimestre, enquanto apenas 11% das companhias pretendem contratar. O saldo negativo de 21 pontos porcentuais entre os extremos é o pior desde 1998 para o emprego no período. O resultado também supera a média do saldo em nove anos, que é de 8 pontos porcentuais negativos.

Em janeiro do ano passado, 14% das companhias declararam que iriam aumentar o emprego e 15% informaram que pretendiam demitir. O saldo entre os extremos foi negativo em 1 ponto porcentual.

¿O quadro mudou bastante, mas ainda não dá para saber se é um movimento de curtíssimo prazo ou uma nova tendência¿, afirma o coordenador de Sondagens Conjunturais da FGV, Aloisio Campelo.

A pesquisa consultou 489 indústrias em 24 Estados. Juntas, elas faturaram R$ 196,6 bilhões em 2004 e empregaram 513,9 mil trabalhadores. A enquete foi feita entre 29 de dezembro e o dia 10 deste mês.

Apesar da perspectiva ruim para o emprego, a sondagem mostra um horizonte melhor para os próximos meses, com a reaceleração gradual do ritmo de atividade, que fica nítido quando se avalia a produção. De acordo com a sondagem, 38% das empresas apostam num aumento da produção para este trimestre e 34% na redução.

O saldo positivo de 4 pontos porcentuais é melhor que o resultado do primeiro trimestre do ano passado, que foi de 2 pontos porcentuais negativos e está acima da média histórica a partir de 1998 para o período.

Para este primeiro semestre, o cenário também é favorável. A pesquisa mostra que mais da metade das companhias (55%) acredita que a situação dos negócios vai melhorar e 12% apostam numa piora. O saldo positivo de 43 pontos positivos entre os extremos é o melhor do que o obtido em outubro de 2005, de 26 pontos porcentuais e supera média histórica para o período (41 pontos positivos).

¿A indústria está ressabiada: vai crescer no primeiro semestre, mas vai demorar para contratar¿, observa Campelo. O economista lembra que existe uma defasagem de 3 a 4 meses entre a reaceleração da atividade e as contratações.

Mesmo com a perspectiva favorável para a produção no trimestre e da situação dos negócios em seis meses, os industriais estão realistas com relação à demanda. A sondagem mostra que 26% das empresas acreditam no crescimento da demanda global e 30% na queda para este trimestre. Campelo observa que a perspectiva é ruim tanto para a demanda interna como para externa.

No caso da demanda interna, 26% das empresas projetam crescimento para o trimestre e 32% , queda. O saldo negativo de 6 pontos em janeiro é o pior para o período desde 2003.

O quadro atual dos negócios também mostra a deterioração da atividade industrial. Neste mês, 9% das empresas informaram que a demanda está forte e 20% fraca.

Quanto à situação atual dos negócios, para 16% está boa e 22%, fraca. Nos dois casos, o saldo é o pior para o período desde 1999. Quanto aos estoques, o ajuste continua.

A pesquisa revela que 12% das empresas têm estoques excessivos e para 3% eles são insuficientes. O saldo é menor do que o de outubro, mas é maior do que a média.