Título: Varig tem proteção garantida até março
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2006, Economia & Negócios, p. B9

A Varig pagou ontem uma dívida de US$ 56 milhões com empresas de arrendamento de aviões e obteve da Justiça americana uma prorrogação da blindagem contra pedidos de arresto de aeronaves até o dia 17 de março. A liminar que concede a proteção vencia hoje, mas o juiz Robert Drain, da corte de falências de Nova York, resolveu estender o prazo, em audiência que não durou 30 minutos. O próximo passo será a ratificação do plano de recuperação da Varig em assembléia de credores que será realizada em 31 de janeiro. Drain convocou nova audiência com a direção da empresa para 17 de março, quando quer ver a aprovação da reestruturação da empresa para conceder o mesmo prazo de proteção estabelecido pela Justiça brasileira, de 180 dias.

¿Temos implantado choque de gestão na empresa, numa grande mobilização de toda a Varig e daqueles que com ela se relacionam. Tudo com um único objetivo: cumprir as metas estabelecidas em seu plano de recuperação, aprovado pelos credores e já homologado pelo Juízo da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro¿, disse, em comunicado, o presidente da Varig, Marcelo Bottini.

O dinheiro pago às arrendadoras de aviões foi obtido com o fluxo de caixa da Varig e com uma operação de antecipação de recebíveis realizada pelo fundo americano de investimentos Matlin Patterson.

O Matlin também concluiu, na véspera da audiência em Nova York, a compra da subsidiária de logística (VarigLog) por US$ 48,2 milhões. Em fato relevante, a Varig informou que, do preço pago, US$ 7,6 milhões referem-se à multa de 20% que a estatal portuguesa de aviação TAP recebeu por desistir da companhia. Outros US$ 2,6 milhões foram destinados à Varig, como complemento do preço original.

Em outra operação, a empresa vendeu a subsidiária de manutenção (VEM) para a TAP, por US$ 24 milhões. Segundo o jornal português Diário Económico, a TAP vai enviar quatro executivos ao Brasil para iniciar um processo de integração com a VEM.

Já o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) promete entrar com uma ação judicial para impedir a venda da VarigLog para o fundo Matlin Patterson, pois acredita que o negócio fere a legislação, que estabelece um limite de 20% para a participação de estrangeiros no capital de empresas aéreas.

¿Não vamos permitir a desnacionalização da aviação por uma decisão monocrática¿, diz o presidente em exercício do Snea, José Anchieta Élcias.