Título: Deic denuncia Marcola por resgate
Autor: Rita Magalhães
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/01/2006, Metrópole, p. C1

A Polícia Civil entregou anteontem à Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) relatório com o resultado das investigações sobre o resgate frustrado de presos da Penitenciária 1 (P1) de Presidente Bernardes, ocorrida há uma semana. Policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) reuniram no documento evidências de que a ação foi encomendada da cela de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), e esperam que ele seja punido. Marcola é apontado como pivô da onda de ataques a policiais iniciada na semana passada. Para promotores do Grupo de Atuação Especial Regional Contra o Crime Organizado (Gaerco) de Presidente Prudente, o relatório era a prova que faltava para mandar os envolvidos no caso para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). O resgate foi frustrado pela Polícia Militar com a prisão de cinco pessoas e a apreensão de dois foguetes, dez granadas, dez fuzis, uma submetralhadora antiaérea e pistolas.

Na terça-feira, a SAP descobriu que sete celas da P1, onde havia 22 detentos, tiveram grades serradas na madrugada do resgate. A secretaria informou que todos os 22 foram mandados para o setor disciplinar do presídio, como forma de castigo preventivo, por dez dias. A secretaria não informou os nomes dos punidos, mas a reportagem apurou que Marcola estava na lista dos detentos do xadrez 126, um dos que tiveram as grades serradas.

A ação frustrada e a divulgação de que Marcola havia sido removido para o pavilhão do castigo teriam levado o PCC a ordenar a série de atentados a bases e carros da Polícia Militar. Marcola, porém, segundo o Ministério Público Estadual, ficou apenas três dias isolado, por medida de segurança. O coordenador dos presídios da região de Bernardes, José Reinaldo da Silva confirmou que Marcola está numa cela comum até que as provas de seu envolvimento no resgate sejam apresentadas. Agentes da P1 afirmaram que ele não foi punido porque ameaçou detonar rebeliões em 19 presídios do Estado.

A polícia tem certeza de que o resgate visava à libertação de Marcola; do assaltante José Carlos Rabelo, o Pateta; de Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola; de David Stocker; e do assaltante Roberto Soriano.

A SAP informou que o relatório será analisado hoje pelo secretário-adjunto, Clayton Alfredo Nunes. Mas a secretaria já adiantou que não deve tomar nenhuma ação preventiva contra os acusados. A decisão caberá ao Departamento de Execuções Criminais (Decrim) do Tribunal de Justiça.